CASAS
A Christovam Gonçalves, para onde meus pais se mudaram quando eu
tinha cinco meses de idade, era uma ruazinha de 120 metros. De um lado, a
Martim Carrasco. De outro, a Miguel Isasa.
Que casas dessa rua me ficaram na memória? Na ponta do lado de lá,
a casa do Miguelzinho Maluco, que me vendeu meu primeiro fusca. Nunca entrei
lá.
A casa do Sotchan. Sobrado enorme, cheio de coisas japonesas,
inclusive espadas de bambu e roupas e
máscaras especiais para aquelas lutas. O Sotchan tinha também pilhas e pilhas
de gibis. Eu ficava horas lendo o Capitão Marvel, o Fantasma, o Mandrake etc.
Minha chorava de rir ao pensar que um amigo do seu filho se chamava sutiã.
A casa do Nêni, filho da Dona Ermelinda e de um homem que a gente
chamava de Orelhas-Narizes-e-Bigodes, por razões que não é preciso explicar. Foi
lá que eu estava em 58, quando o Brasil ganhou da França por 5 a 2.
Atravessando a rua, a casa do Velho Rabugento. Quando a bola caía no quintal de sua
casa, ela, sim, a devolvia para a molecada, mas rasgada.
A casa dos irmãos Sérgio e Wilsinho, filhos do médico da família,
Doutor Lazzarini, que cuidou do meu pai quando ele faleceu e de mim próprio,
quando caí ao pular uma valeta enquanto asfaltavam a rua.
Amanhã tem mais.
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