domingo, 29 de julho de 2018

Banheiro


BANHEIRO
Semanas atrás, levei um tombo no banheiro. Bati a cabeça, saiu um pouco de sangue, entortei os óculos e esfolei a perna.
Estava sozinho em casa. A Rose tinha ido ao cabeleireiro e eu achei que dava para me virar sozinho. Não dava.
Fiquei entalado ao lado do vaso e não conseguia sair de lá para alcançar o celular, que estava a quilômetros de distância, no escritório.
Finalmente, arrastando-me feito um animal ferido –aliás, eu era um animal ferido – consegui ligar para ela. Em questão de minutos (o salão fica perto de casa), chegaram. pela ordem, a Rose, o cabeleireiro e o Ivan, zelador do prédio há mais de 30 anos. O ivan é um cara forte, grande e gordo que me ergueu pelos ombros e disse baixinho no meu ouvido, com uma voz que lembra o Mike Tyson: “O senhor vai sair dessa, Doutor. Eu gosto muito do senhor.”
Os olhos dele, parece, ficaram vermelhos de emoção. Os meus também.

Mini histórias


Mini histórias
Crianças,
Vou tentar escrever historinhas. Deixarei algumas no blog e no face, aguardando a sua opinião. Se gostarem, eu sigo em frente. Se não, eu paro.

FRUTAS
Em frente ao meu prédio, bem no estacionamento de um banco, funciona uma banquinha de frutas. Eu costumo me abastecer ali.
Quando fiquei doente, precisei de uma cadeira de rodas e uma cuidadora, que me levava para passear no Parque Mário Covas.
- Me leva até aquele cara. Quero comprar umas frutas.
- É uma mulher, disse ela.
- Não é, não. Eu compro dele há anos. É homem.
- Olha lá os peitos dela!
- Que peitos?
Realmente, a figura, de boné de couro a la Milton Nascimento, camisa xadrez de manga comprida e coletinho, não tinha cara de mulher.
Aí a cuidadora, sem atravessar a rua, perguntou:
- Como é seu nome?
- Ivonete, ela respondeu.

MERCADO
Já estou totalmente independente: posso andar sozinho na rua, tomar banho, enxugar-me etc.
E fui comemorar, ainda um tanto cambaleante, minha recém liberdade de movimentos. E lá fomos nós, Rose e eu, ao Santa Luzia.
Sendo diabético, preciso consumir produtos do primeiro andar, todos diet, sugar-free, essas coisas.
Para entrar no elevador, todo cuidado é pouco. Não posso me dar ao luxo de ficar preso na porta.
A Rose me segura, segura a porta e lá subimos nós. No elevador, um senhor mais ou menos da nossa idade nos observa, curioso. Em tempo, ela é um ano mais velha do que eu, mas parece dez mais nova.
O senhor comenta:
- É isso aí. Os mais novos têm de cuidar dos velhinhos.
E foi aí que me dei conta que eu agora era um velhinho.


quinta-feira, 26 de julho de 2018

Britain 16

Britain 16

1. Free Churches: grupo de igrejas que não são 'established', como a Methodist Church, a Anglican, a Roman Catholic, a Baptist, a United Reformed e a Church of Scotland.

2. fresher: em algumas universidades, tais como Cambridge, por exemplo, fresher é o nome que se dá ao calouro.

3. fringe benefits::benefícios adicionais, tais como bônus extras, auxílio moradia, automóvel, auxílio paletó etc. A gente conhece esse filme.

4. front bench: fileira da frente na Câmara dos Comuns, onde se sentam os membros mais proeminentes do governo. No lado oposto, ficam os membros da Oposição.

5. Gaelic: língua de origem celta falada por cerca de 87.000 escoceses e irlandeses.

quarta-feira, 25 de julho de 2018

Britain 15


Britain 15

Folk Museum: exibe objetos domésticos de uso diário, divididos em ambientes decorados e divididos por décadas: numa rua, há uma fileira de casas, uma de 1910, outra de 1920, uma terceira de 1930 etc. Um dos mais simpáticos é o de Cardiff, no País de Gales.

Fortnum and Mason: Uma das lojas de alimentos mais refinadas de Londres, famosa por suas exóticas comidas. Serve a família real e fica em Piccadilly.

four-letter word: palavrão. A maior parte de tais termos chulos tem origem germânica e contem quase sempre quatro letras.

fourth state: quarto poder, isto é, a mídia, capaz de exercer forte influência sobre os demais poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário).

Foyle’s: a maior livraria de Londres. Fica na Charing Cross Road.

terça-feira, 24 de julho de 2018

Britain 14


Britain 14

Eton: uma das mais tradicionais escolas particulares da Inglaterra. Fica em Windsor, é só para meninos das classes mais aristocráticas do país. Vários Primeiros Ministros lá estudaram, como por exemplo, Robert Walpole, John Stuart e, mais recentemente, David Cameron.

Financial Times: jornal de qualidade e muito influente. Cobre, é claro, a economia interna e externa do país. Meu aluno australiano trabalha aí.

fish and chips: comida típica inglesa, consistindo de solha ou bacalhau frito e servido com batatas fritas. Acompanha sal e vinagre.

fiver: termo coloquial para designar uma nota de 5 libras.

Fleet Street: rua do centro de Londres que concentra um bom número dos jornais britânicos.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

13. Britain


13. Britain

Elizabethan: Estilo de arquitetura em que muitas mansões foram construídas na segunda metade do século XVI durante o reinado da Rainha Elizabeth I. Tal estilo caractereiza-se por grandes janelas quadradas, torres neoclássicas e sofisticad trabalho em gesso no teto dos cômodos, bem como o uso abundante de painéis de carvalho.

Embankment: rua que corre ao longo da zona norte do Tâmisa, embelezada pelos Embankment Gardens, Embankment Gardens, um oásis de tranquilidade bem no coração de Londres.

English breakfast: ovos, bacon ou linguiça, torrada, café ou chá, torrada, manteiga e geleia.

English Civil War:  guerra entre os Cavaliers (que apoiavam o Rei Charles I) e os Roundheads (que defendiam a primazia do Parlamento), em meados do século XVI. O Rei foi derrotado e teve então início do Commomwealth.

Eros: estátua de um arqueiro alado sobre uma fonte, localizada no centro do Piccadilly Circus em Londres. Parta muitos, é a estátua de Cupido.








xvi


sábado, 21 de julho de 2018

Conserte o seu inglês

Conserte o seu inglês

Quando se lança um livro, não é incomum classificá-lo como 'baseado em fatos reais', 'fruto da experiencia pessoal' ou algum outro clichê banal.

Bem, o 'Concerte o seu Inglês não foge à regra: é mesmo um livro baseado na experiência centenária (brincadeirinha) de dois professores da velha guarda (e bota velha nisso). Para se ter uma ideia, quando entrei para o Porto Seguro em 1974, ainda no belo prédio da Praça Roosevelt, um dos livros de inglês adotados era do Amadeu Marques. Mais jurássico não dá, né?


Fizemos um livrinho leve e despretencioso - ele no Rio, eu em São Paulo -, que se presta a ajudar quem lida com a língua de Shakespeare a safar-se das infinitas pegadinhas de que ela está repleta.


O livro foi lançado durante o 16o. encontro do Braz-Tesol, a associação que reúne professores de inglês de todo o Brasil, em Caxias do Sul, RS. 


 Quem tiver interesse (e, sinceramente, torcemos para que haja muuito interesse) é só mandar um pedido por email para a Editora Allya Language Solutions, de Caxias do Sul, aos cuidados da Lisiane ou da Luciana, e elas enviam pelo correio. O emai é luciana@allyals.com.br ou lisiane@allya.ls.com.br. 

Desde já, agradecemos antecipadamente o apoio e a confiança no nosso taco.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Var pros quintos dos infernos


2.   Decretar praticamente quem será o campeão da Copa através de uma cabininha foi, para mim, um verdadeiro anti-clímax. Fiquei tão decepcionado que fui até a cozinha e só voltei quando o resultado era 4 a 1. Pra mim, esse VAR estragou tudo. Prefiro os erros de arbitragem, quando os gols (ou não) acontecem diante de todo o mundo e cada um decide, conforme suas preferências,  se a bola entrou ou não, se foi pênalti ou não etc.

domingo, 15 de julho de 2018

Corrupção


Corrupção
Por que ninguém ousa chamar de corrupto um sujeito condenado por corrupção em segunda instância?

Eu preciso aparecer
Se alguém cronometrasse o tempo que certos/as entrevistadores/as gastam para formular suas ‘perguntas’ ao entrevistado, verificaria facilmente que eles/elas falam muito mais.

Imagem é tudo (ou quase)
Não aguento de curiosidade para saber com que penteado a Piada da Copa vai entrar em campo no reinício dos campeonatos europeus.

Às baratas?
Erram os que pensam que o Brasil está entregue às
baratas. Não está. Segundo reportagem exibida ontem (13/07/18) na Band News, o Brasil está na verdade entregue aos escorpiões. Mais de 125.000 casos de picadas só este ano.

sábado, 14 de julho de 2018

A estátua da Justiça


A estátua da Justiça
A estátua da Justiça, todo mundo sabe, é “uma mulher com os olhos vendados e espada; os olhos vendados representam a imparcialidade da justiça e a espada representa a força, a coragem, a ordem e a regra necessárias para impor o direito.” (Wikipedia).
Era o que eu achava. Não acho mais. Descobri, tardiamente, que o Poder Judiciário, longe de ser cego, enxerga bem pra caramba. E mais. Ele tem lado. Esse negócio de imparcialidade é mais um daqueles papos furados usados para engabelar a ‘plebe ignara’, eu incluído. Bottom line: o juiz (ponho juiz entre aspas?) que não gosta do Lula, condenado em 2ª. instância por corrupção, decide contra ele. Se gostar, decide a favor. Resultado: em matéria de segurança jurídica, a gente só ganha da Venezuela. Placar apertado.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

De volta à nossa realidade


Com o fim da Copa, em que o Brasil, um dos favoritos, não ficou nem entre os quatro primeiros (ó opróbrio!), volto os olhos para o país. A Copa exerce um fascínio tal que é como, durantes algumas semanas, a gente estivesse em transe, suspenso pelas arrancadas deste jogador, pelos tombos daquele outro, pelo gol contra, pelos empurrões etc.
Porém agora, já mais calmo, verifico que o país voltou à normalidade. Ótimo.

O Lula continua em cana, ainda que tenha se livrado de uma das trocentas acusações que pesam sobre ele.

A Eletrobrás não anda.

No Rio o Prefeito segue firme e forte, cada vez mais religioso.

O chefe da Polícia Civil do Rio é acusado de crime contra a Lei de Licitações.
Habeas Corpus no plantão foi ‘chicana canhestra e acintosa’, segundo procurador do caso Lula.
Bolsonaro topa pacto com qualquer um, com exceção do diabo. É o que ele diz.
O futuro das contas públicas periga ir pro brejo, devido à votação de projetos do Congresso Nacional que aumentam as despesas e concedem isenções a um monte de setores.
Bolsa e dólar não param de subir. É bom? É ruim? Cês veem aí.
Planos de saúde ou extorsão? Escolham.
Ninguém segura o PCC.
Economia, saúde, transporte, educação, segurança: no comment.
Já que está tudo bem, posso retornar, sem susto, às minhas incursões ao Reino Unido. Vamos lá.
East End uma extensa área industrial, localizada, é óbvio, na zona leste de Londres, famosa por suas docas e, antigamente, por sua pobreza. Jack , o Estripador, atuava nessa área.
Easter Monday feriado (bank holiday) que se segue ao Domingo de Páscoa. Data que marca o início da invasão a Londres dos turistas para as férias de verão.
Economist importante e influente revista semanal de economia. Tem grande credibilidade e é considerada uma publicação conservadora.
Edinburgh capital da Escócia, famosa, entre outras coisas, por seus belos edifícios e monumentos, pelo Castelo e pela Princes Street, considerada a avenida mais bonita do Reino Unido, com as lojas de um lado e o parque do outro.
eisteddfod (pronúncia aproximada: aistédfad) festival de literatura,  dança e música realizado anualmente no País de Gales. Dura oito dias e é falado inteiramente em galês. Não dá para entender nada mas é muito legal.




quinta-feira, 12 de julho de 2018

Fim da Copa


Fim da Copa

Pronto, mais dois ‘joguinhos’ e a Copa já era. Podemos desligar a tevê e voltar nossas atenções a este desgraçado país. Não se indigne, amável leitor, com este inusitado adjetivo, tão impatrioticamente aplicado à nossa Pátria. Mas vem cá, com esse governo, com esse Congresso e com esse STF, que outra palavra para descrever o Brasil?

Daqui para frente, só se ouvirá cada vez mais falar das eleições. Santa ingenuidade! Pensar que elas serão capazes de ‘passar o Brasil a limpo’, que das urnas sairá ‘o país que eu quero’, que as urnas finalmente produzirão um mísero político honesto. Como se essa figura imaginária existisse. Um triângulo quadrado, um círculo oval – é isso que eles são.

‘Vote com consciência, com responsabilidade’ -  foi o que sempre me disseram. E é isso que sempre procurei fazer. Acreditei que sempre escolhi os melhores candidatos, aqueles realmente comprometidos com os destinos do país. Dos muitos em que votei desde os 18 anos, vários foram eleitos e também, claro, vários perderam. Mas, passados todos esses anos, a corrupção continua, perdura e se eterniza. E nada vai mudar isso. Pode ser que haja alguns candidatos honestos. Mas uma vez eleitos, começa a bandalheira, o uso de leis indecentes para se proteger e se locupletar.

Quanto a nós, ficamos a ver navios. Ou a Copa

terça-feira, 10 de julho de 2018

Adendo e indagações


ADENDO
Faltou fazer uma referência a Euclydes da Cunha, que em seu Os Sertões declarou que o sertanejo é antes de tudo um forte. Não consta que ele tenha incluído jogador de penteados pra lá de exóticos em sua descrição.

INDAGAÇÕES
1.   Os meninos presos na caverna na Tailândia: Certo. E o Neymar?
2.   13 milhões de desempregados: E daí? E o Neymar?
3.   12 milhões de analfabetos, ou seja, que não sabem ler o que está escrito na nossa bandeira: Tudo bem. Mas...e o Neymar?
4.   Lula sai da cadeia ou fica? Não sei. O Neymar?
5.   Corrupção em escala industrial, de cabo a rabo, de alto a baixo, apodrecendo o país inteiro: Lá isso é, mas e o Neymar?
6.   Eleições à vista: E daí? Cadê o Neymar?
7.   Os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) mais sujos que pau de galinheiro: Tudo bem, Já o Neymar...
8.   Planos de saúde, cada vez mais caros: Quiquitem? Eu quero saber do Neymar.
9.   Inflação: Não percebi. E também não sei onde se meteu o Neymar.
10.               Paulinho volta para a China dois dias após a eliminação do Brasil: Mas quem quer saber do Paulinho? Eu quero saber do Neymar. 


segunda-feira, 9 de julho de 2018

Neymar e a literatura


NEYMAR E A LITERATURA
O desempenho do nosso mais famoso craque despertou em mim antigas recordações literárias, que passo a compartilhar com vocês.
Em primeiríssimo lugar, como não poderia deixar de ser, Fernando Pessoa, que dispensa apresentações:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

O poeta, Neymar, o poeta...

Em segundo lugar, Graciliano Ramos. Autor de várias obras primas, tais como Vidas Secas, Angústia, São Bernardo, Insônia, entre outros livros imortais, Graciliano escreveu esta crônica, publicada pela primeira vez em "o Índio", em Palmeira dos Índios (AL), em 1921, com o pseudônimo de J. Calisto, da qual reproduzo alguns trechos:
Pensa-se em introduzir o futebol, nesta terra. É uma lembrança que, certamente, será bem recebida pelo público, que, de ordinário, adora as novidades. Vai ser, por algum tempo, a mania, a maluqueira, a ideia fixa de muita gente. Com exceção talvez de um ou outro tísico, completamente impossibilitado de aplicar o mais insignificante pontapé a uma bola de borracha, vai haver por aí uma excitação, um furor dos demônios, um entusiasmo de fogo de palha capaz de durar bem um mês.
Pois quê! A cultura física é coisa que está entre nós inteiramente descurada. Somos, em geral, franzinos, mirrados, fraquinhos, de uma pobreza de músculos lastimável.
A parte de nosso organismo que mais se desenvolve é a orelha, graças aos puxões maternos, mas não está provado que isto seja um desenvolvimento de utilidade. Para que serve ser a gente orelhuda? O burro também possui consideráveis apêndices auriculares, o que não impede que o considerem, injustamente, o mais estúpido dos bichos. Fisicamente falando, somos uma verdadeira miséria. Moles, bambos, murchos, tristes - uma lástima! Pálpebras caídas, beiços caídos, braços caídos, um caimento generalizado que faz de nós um ser desengonçado, bisonho, indolente, com ar de quem repete, desenxabido e encolhido, a frase pulha que se tornou popular: "Me deixa..." Precisamos fortalecer a carne, que a inação tornou flácida, os nervos, que excitantes estragaram, os ossos que o mercúrio escangalhou.
Consolidar o cérebro é bom, embora isto seja um órgão a que, de ordinário, não temos necessidade de recorrer. Consolidar o muque é ótimo. Convencer um adversário com argumentos de substância não é mau. Poder convencê-lo com um grosso punho cerrado diante do nariz, cabeludo e ameaçador, é magnífico. (...)
Mas por que o futebol?
Não seria, porventura, melhor exercitar-se a mocidade em jogos nacionais, sem mescla de estrangeirismo, o murro, o cacete, a faca de ponta, por exemplo? Não é que me repugne a introdução de coisas exóticas entre nós. Mas gosto de indagar se elas serão assimiláveis ou não.
Ora, parece-nos que o futebol não se adapta a estas boas paragens do cangaço. É roupa de empréstimo, que não nos serve.
Para que um costume intruso possa estabelecer-se definitivamente em um país é necessário, não só que se harmonize com a índole do povo que o vai receber, mas que o lugar a ocupar não esteja tomado por outro mais antigo, de cunho indígena. É preciso, pois, que vá preencher uma lacuna, como diz o chavão.
Temos esportes em quantidade. Para que metermos o bedelho em coisas estrangeiras? O futebol não pega, tenham a certeza.
Reabilitem os esportes regionais que aí estão abandonados: o porrete, o cachação, a queda de braço, a corrida a pé, tão útil a um cidadão que se dedica ao arriscado ofício de furtar galinhas, a pega de bois, o salto, a cavalhada e, melhor que tudo, a rasteira.
A rasteira! Este, sim, é o esporte nacional por excelência!
Todos nós vivemos mais ou menos a atirar rasteira uns nos outros. Logo na aula primária habituamo-nos a apelar para as pernas quando nos falta a confiança no cérebro - e a rasteira nos salva.
Cultivem a rasteira, amigos!

Graciliano errou no acessório, mas no essencial, foi tiro e queda. Nesta Copa, perdemos não porque nos faltaram sorte, talento ou estratégias táticas. Faltou-nos força física. Somos moleirões, fracotes e...cai-cai.

Em terceiro lugar, Carlo Collodi, autor de As Aventuras de Pinóquio, um romance escrito em Florença no ano de 1881 e publicado dois anos depois com ilustrações de Enrico Mazzanti. Como todo mundo sabe, o nariz de Pinóquio cresce toda vez que ele conta uma mentira. Se a farsa, o exagero. as caras e bocas produzissem o mesmo efeito em Neymar, ele tropeçaria não nas pernas adversárias, mas no narigão descomunal, do tamanho de suas encenações.


domingo, 8 de julho de 2018

NOTÍCIAS FRESCAS DA COPA


NOTÍCIAS FRESCAS DA COPA

Devido a circunstâncias alheias à minha vontade, tenho assistido a todos – repito – todos os jogos da Copa e já dá para tirar algumas conclusões:

- a globalização pôs fim ao futebol regional: jogam nos mais diferentes campeonatos jogadores de tudo quanto é canto: é japonês na Alemanha, é turco na Inglaterra, é brasileiro na Rússia e assim vai. Desta forma, o futebol vai ficando cada dia mais parecido com todo mundo. Uma geleia chata e homogênea, com os técnicos adotando táticas, esquemas e estratégias muito semelhantes.

- os jogadores, em sua grande maioria, jogam igual: é sempre a eterna variação do velho 4-2-4.

- são todos fortes, velozes, com um preparo físico de fazer inveja a qualquer maratonista. Por isso, jogadores técnicos, talentosos e de grande habilidade, mas franzinos, estão desaparecendo, dando lugar a grandões altos, que passam por cima de atletas considerados ‘normais’, que cabeceiam mais alto e chegam antes nas bolas, passando por cima de qualquer um que ouse atravessar seu caminho. Em tempo, se estão pensando que eu apoio jogador cai-cai e chorão, enganam-se: eu também odeio o Neymar.

- os abutres das mesas redondas, aqueles desocupados que aproveitam a Copa para faturar algum extra, falam um português de botequim, comportam-se às vezes como alguém sentado à mesa com um copo na mão, exprimem ideias surradas, usam e abusam dos eternos chavões e se mostram absolutamente incapazes de fornecer a mais remota possibilidade de alguma sugestão inovadora: as duas grandes novidades da Copa, o árbitro de vídeo e a quarta substituição na prorrogação, foram introduzidas sem que ninguém entre os ‘especialistas’ alguma vez desse algum palpite aproveitável.

- todo país desclassificado deixa um rastro de tristeza muito grande entre os torcedores. mas aqui é diferente: no mundo todo, as pessoas esperam que seu time vá à final. No Brasil, não. A gente não espera, a gente tem certeza de que vamos ganhar e, por isso, a frustração é maior. Consideramos quase uma heresia alguma seleção ser melhor do que a nossa. Mas é assim mesmo. Nós ganhamos cinco Copas, mas perdemos muito mais.  

- Last but not least: torci para a Bélgica.