sábado, 30 de janeiro de 2016

A memória e o professor


Others do

Tendo passado quase quarenta anos dando aula, é mais do que óbvio que não dá para lembrar de todos os alunos. A gente se lembra daqueles que se sobressaíram – para o bem e para o mal. Por exemplo, eu nunca esqueci a cara dos poucos alunos que eu peguei colando em prova.
Foi numa dessas que eu escrevi minhas provas, minhas apostilas e meus livros

Muitos anos atrás, um ex-aluno me telefonou. “O senhor não vai se lembrar de mim, claro. Eu sou da última turma que estudou no Porto da Praça Roosevelt. O senhor lembra de alguém daquela época?”
“Bom, eu lembro de um aluno chamado Leon.”
“Não é possível! Sou eu! Como é que o senhor se lembrou de mim?”
“Você uma vez escreveu uma redação, de tema livre, sobre um tal de batiscafo, coisa de que eu nunca tinha ouvido falar. Precisei estudar para entender o seu texto.”
“Nossa Senhora...Bom eu estou telefonando para convidá-lo para um almoço em comemoração dos 25 anos de formatura do Colégio.”
Eu fui.

Já mais recentemente, meu filho um dia me perguntou se eu lembrava de um aluno chamado xx.
“Claro!”
“Mas como é que pode?”
“É porque ele era um aluno brilhante. Sentava-se no fundo da classe, à minha esquerda  Fazia perguntas, argumentava, participava das aulas. Por quê?”
“Ele é meu chefe lá no jornal.”
Coincidência ou não, dias depois houve um churrasco no sítio de um ex-aluno, colega de classe do xx. Para meu constrangimento, havia um ou dois rapazes que eu tinha reprovado anos antes. Depois de umas e outras, xx, já meio de fogo, dizia a plenos pulmões: “Pode deixar, turma, segunda-feira eu acerto com o filho dele!” Brincadeirinha, of course.

Agora o vice-versa. Estava eu um dia na sauna do Clube Paineiras. Sauna úmida, toda esfumaçada, não dava para ver nada. E ainda por cima, eu – é claro – estava sem óculos. Qiuietinho no meu canto, eu ouvia, calado, o papo dos três ou quatro homens ali presentes. Lá pelas tantas, ouvi o nome Porto Seguro, mas me manquei. Não conhecia nenhum deles. Dali a pouco, saí para tomar uma ducha. Um rapaz saiu também. E lá ficamos por alguns minutos, peladões, lado a lado, debaixo dos chuveiros.
“Então você estudou no Porto Seguro?” – perguntei, para puxar conversa.
“Estudei.”
“E você teve inglês com quem?”
“Ah, com vários professores: a Nerinita, a Cecille, o Jelin...”
“Pô, o Jelin sou eu!”
“Caramba, professor, juro que eu não te reconheci.”

Ou seja, a gente só lembra de gente que, de alguma forma, marcou nossa vida.
Não me lembro de quem escreveu isso



quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Caça-words

A Folha de São Paulo publica hoje (28/01/2016) um interessante caderno especial sobre o ensino de uma segunda língua.
Que língua estudar, em que escola matricular o filho, qual a idade ideal para iniciar os estudos etc. Estas são algumas das perguntas que o caderno Caça-Palavras procura responder.

Eu vou me limitar a abordar duas questões: as crianças pequenas que começam cedo a aprender uma língua estrangeira não confundem as duas? Confundem, e daí? Eu tenho um neto que agora tem quatro anos. Desde que nasceu ele é exposto diariamente, vinte e quatro horas por dia, ao português da minha filha e ao alemão do pai e dos irmãos mais velhos. Não há problema nenhum. Ele ouve uma pergunta numa língua, responde na outra, começa uma frase em português e termina-a em alemão ou vice-versa. Ele sabe que água é Wasser. No Kindergarten, se ele pede água e a professora não entende, ele pede Wasser e sacia a sede do mesmo jeito.
Anos atrás, os dois irmãos mais velhos, que agora têm 14 e 13 anos, diziam coisas como ‘Ele joga não bom’. Agora eles dizem ‘Ele não joga bem.’ No problem.
A segunda questão diz respeito aos cursos extras de inglês que estão se expandindo nas escolas privadas de todo o país. Modéstia à parte, eu devo ter sido o primeiro a introduzir o pomposamente chamado Cambridge Course para preparar os alunos para prestar os exames de inglês da Cambridge University. Sem palmas, por favor.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Singing in the rain and in the sunshine





Ensinar inglês através de canções é uma boa. Quase todos os alunos curtem (há sempre aqueles que não gostam da música, do/a cantor/a ou da banda), a aula fica agradável e, no fim, querendo ou não, a meninada acaba aprendendo alguma coisa.

Dá para explorar uma música de um monte de maneiras, dependendo do objetivo da aula: pode ser, entre outros, testar ou enriquecer o vocabulário, praticar pronúncia, ou até mesmo, believe it or not, ensinar gramática.
A atividade mais comum é o chamado cloze gap, ou, em português bem claro, fill in the blanks: o aluno recebe a letra da música com alguns espaços em branco e à medida que vai ouvindo a música ele vai preenchendo os espaços. No fim, a classe canta a música inteira. Não é nada original, mas funciona.
O site https://www.teachingenglish.org.uk/article/using-songs-classroom dá várias outras sugestões. Para quem é do ramo, vale realmente a pena conferir.

Eu usei durante anos um livrinho chamado Famous British & American Songs, de Mario Papa e Giuliano Iantorno, da Longman. Além do fill in the blanks, eu aproveitava a letra das músicas para dar algumas informações de cunho histórico ou cultural. Por exemplo, Auld lang syne, de Robert Burns, música conhecida no mundo todo, inclusive no Brasil (“Adeus, amor, eu vou partir...”), permite que o professor fale do autor, da Escócia, da tradição que os britânicos mantêm de cantá-la na noite de 31 de dezembro etc.

E, falando em cultura, minha sugestão para o post de hoje é uma different approach:
- fornecer à classe a letra de duas canções: uma em inglês e outra em português. É essencial que elas tenham algo em comum.
- tocar as duas músicas, pedindo que a classe cante junto.
- propor uma discussão sobre as semelhanças e diferenças entre as músicas.
Como exemplo, deixo aqui duas canções bem conhecidas: ‘You’ve got a friend’, de Carole King (http://www.vagalume.com.br/james-taylor/youve-got-a-friend.html), e ‘Canção da América’, de Milton Nascimento e Fernando Brant (https://www.letras.mus.br/milton-nascimento/27700/):
You’ve got a friend
James Taylor

When you're down and troubled
And you need a helping hand
And nothing, whoa nothing is going right
Close your eyes and think of me
And soon I will be there
To brighten up even your darkest nights

You just call out my name
And you know wherever I am
I'll come running, oh yeah baby
To see you again

Winter, spring, summer, or fall
All you got to do is call
And I'll be there, yeah, yeah, yeah
You've got a friend

If the sky above you
Should turn dark and full of clouds
And that old north wind should begin to blow
Keep your head together and call my name out loud now
Soon I will be knocking upon your door

You just call out my name
And you know where ever I am
I'll come running, oh yes I will, to see you again
Winter, spring, summer or fall
All you got to do is call
And I'll be there, yeah, yeah, yeah

Hey, ain't it good to know that you've got a friend?
People can be so cold
They'll hurt you and desert you
Well they'll take your soul if you let them
Oh yeah, but don't you let them

You just call out my name (out my name)
And you know wherever I am
I'll come running to see you again

Oh babe, don't you know about
Winter, spring, summer, or fall
Hey now, all you've got to do is call
Lord, I'll be there, yes I will
You've got a friend
You've got a friend
Ain't it good to know you've got a friend
Ain't it good to know you've got a friend

Canção da América
Milton Nascimento

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir

Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou

Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração

Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Who's afraid of decoreba?

Do you agree?

Não sei exatamente quando a decoreba passou a ser demonizada, mas em algum momento a memorização, o chamado rote learning, virou sinônimo de anacronismo.

Pode ser, mas eu fico aqui pensando com meus botões:
- eu aprendi o alfabeto, inclusive de trás para a frente, na base da decoreba;
 - a tabuada, idem;
- a lista das preposições, por pavor da professora, com o seu dedinho indicador torto apontando para mim (a, ante, até, com, contra, consoante, de, desde, durante, em, entre, para, per, perante, por, sem sob, sobre, trás). Como se vê, minha lista é um pouco arcaica;

- a quadra e a sepultura do meu pai, de tanto que minha mãe nos levava ao cemitério (28-31). Não decorei os números da minha mãe ou de meus irmãos;

- as declinações em latim (rosa, rosae, rosae, rosam, rosa, rosa. Não digo as outras para não esnobar);

- a lista de verbos irregulares em inglês (it goes without saying);

- etc. (Aqui no etc. entram as capitais dos países, os afluentes da margem esquerda do Amazonas, os ossos das mãos, o nome dos planetas do sistema solar e, last but not least, uma infinidade de piadas de papagaio, judeu, português e Joãozinho).
                                              
Is Calvin right?

Não é mais assim? Então como é que é? O educando (!) deve aprender a raciocinar e não a decorar. É isso? Afinal, a internet está aí para informar praticamente tudo que a gente quiser saber, ‘num piscar de dedos’, não é mesmo?

Certo. Mas, para início de conversa, para acessar a internet, é preciso saber – de cor – a senha. Para preencher um cadastro, a gente tem que ter na cabeça o RG, o CPF, o endereço, o CEP, o telefone, o celular etc. etc.

E para rezar? Eu não entendo disso, mas imagino que as pessoas rezem mecanicamente, seja em que língua for. Em ‘Cabelos Compridos’, um conto de Monteiro Lobato, um padre termina sua prédica, exortando a congregação a meditar “em cada uma das palavras das vossas orações cotidianas, pois do contrário não terão elas nenhum valor”.

Aquilo causou uma profunda impressão na Das Dores – coitada, tão boazinha. À noite, já deitada em seu quarto, começou a rezar o Padre Nosso. Permitam-me reproduzir a oração da Das Dores:


– Padre nosso que estás no céu; padre, padre; os padres, padre Pereira, padre vigário... Padre Luís... coitado, já morreu e que morte feia – estuporado! ... Padre... 
Que idéia do seo cônego mandar a gente pensar nas palavras!
Nem se pode rezar direito...
– ...nosso: nosso é o que é da gente; nossa casa; nossa vida; nosso pai... pra quem seria que foi o Nosso-Pai ontem?

Para a nhá Veva não é, que já melhorou.
 Seria para o major Lesbão? Coitado!
...e assim continuou.
Bom homem aquele... tão caridoso... Ó diabo!
Estou me distraindo? “Nosso”, “nosso” ... Em certas palavras não se tem jeito de pensar...
– ...que estais no céu; estar no céu, que lindeza não será!
Os anjos voando as estrelinhas, Nossa Senhora tão bonita com o menino no braço, os santos passeando pra lá e pra cá...
O céu; céu da boca; céu azul. Por que será que se diz céu da boca?
...
Se a gente for pensar em cada palavra não dá pra rezar direito.
O cônego que me perdoe, mas disse uma grande bobagem...

                
Monteiro Lobato, o criador da 'oração pensada'
                     
Minha opinião a respeito? Eu não sou contra a decoreba, mas entendo que ela não deva ser um fim em si mesmo. Não adianta nada saber de cor drink – drank – drunk se eu não sei se devo dizer She hasn’t drunk her tea ou She hasn’t drank her tea. O rote learning deve ser simplesmente o ponto de partida para o aprofundamento dos estudos.

A propósito, para quem quiser ir mais a fundo no assunto, eis aqui dois sites interessantes:







segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

O Brasil está virando Brazil





Já nos batizaram de Ilha de Vera Cruz. Terra de Santa Cruz, Império do Brasil, Estados Unidos do Brazil, Estados Unidos do Brasil e ultimamente, se é que não estou enganado, República Federativa do Brasil. Em resumo, já fomos Brazil e viramos Brasil. Porém, a julgar pelo número de palavras inglesas que vêm entrando sem cerimônia em nosso léxico, em pouco tempo voltaremos a ser de novo Brazil, que é como somos conhecidos lá fora.
Interessante: no tempo em que D. Pedro II cofiava suas alvas barbas, enquanto inspecionava escolas (o Caraça e o Porto Seguro, entre outros), éramos Brasil. Depois, quando o respeitável imperador levou um chute no traseiro, como diria Jérôme Valcke, aí nosso atrapalhado país passou a ser escrito ora com ‘s’, ora com ‘z’. Foi só em 1945 que finalmente bateram o martelo em cima do Brasil, com ‘s’.

BrazilvBrasil.2
                               nota de 1917                                                                                                     nota de 1921



Mas voltando à ‘última flor do Lácio, inculta e bela’, cada vez menos bela e cada vez mais inculta...Ah, se Olavo Bilac visse o que fizeram com o nosso lindo idioma!

Os estrangeirismos! Já não falo das palavras importadas que há muito habitam nossos dicionários. Essas, é forçoso reconhecer, já se abrasileiraram. Termos como futebol, sanduíche, abajur etc. já são nossos velhos conhecidos e nos damos muito bem com eles.

Falo das palavras inglesas que ouço de pessoas que, more often than not, sabem pouco ou nada de inglês, e que usam tais palavras para fingir uma intimidade com a língua que elas não têm.

Dizem que compraram algo numa sale e não numa liquidação, que tiveram um insight e perceberam o que estava acontecendo, que foram a uma festa black tie, que odeiam fast food, que só tomam refrigerantes diet, que adoram tirar uma selfie e por aí afora.




Aqui vai uma listinha, certamente incompleta, de palavras inglesas que já fazem parte do nosso dia a dia:
best seller
bike
black tie
blazer
camping
cash
CD player
checkup
commodities
database
delivery
design
diet
doping
drive-in
drive-thru
duty-free
e-mail
fashion
fast food
feedback
fitness
flashback
flat
freezer

full-time
funk
game
gay
gospel
happy hour
hardware
hashtag
heavy metal
holding
home banking
jeans
king-size
kit
light
lobby
lycra
manager
marketing
MBA
megastore
meme
merchandising
mix
modem
mountain-bike
mouse
multimedia
offshore
office-boy
on-line
outdoor
part-time
relax
rush
sale
scanner
self-service
serial killer
sexy
slide
slogan
software
spray
star
stretch
ticket
topless
top model
trainee
upgrade
van
video-game

Mas a avacalhação com a nossa língua não é fenômeno novo. Monteiro Lobato, em ‘Ideias de Jeca Tatu’, publicado em 1919, tem um delicioso conto chamado ‘Curioso caso de materialização’, em que ele cai de pau nos francesismos da época. Vale a pena (re)ler:




sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Phrasal Verbs [ou os diabinhos formados de um verbo + uma (ou duas!) partículas]

Muitos anos atrás, havia uma divulgadora da Longman que visitava o Colégio antes do início das aulas. Era uma senhora inglesa, muito sorridente e que falava muito rápido. Não me lembro do verdadeiro nome dela, pois todos a chamávamos de Mrs. Longman – pelas costas, of course.
Ela entrava com uma mala de viagem, dessas antigas, de couro, cheia de livros.

Ia tirando um por um, explicando sumariamente para que faixa etária eles se destinavam, que estratégias usar durante as aulas etc.

Eu e os demais professores de inglês ouvíamos a exposição no mais completo silêncio. E era impressionante como, em questão de segundos, ela conseguia usar dois ou três phrasal verbs numa mesma sentença.
Quando nós, brasileiros, falamos inglês, o phrasal verb é quase sempre o segundo verbo que nos vem à cabeça. O primeiro costuma ser um verbo de origem latina. Por exemplo, a manchete da http://time.com/4185229/brazil-new-internet-restrictions/ num texto sobre o Brasil, publicado anteontem, 20 de janeiro, diz: Brazilian Lawmakers Threaten to Crack Down on Internet Freedom. Quantos de nós usaríamos crack down no lugar de regulate, repress ou restrain?

Phrasal verbs deixam qualquer estudante de inglês de cabelo em pé. A internet está cheia de sites que dão sugestões, oferecem estratégias e apontam meios de dominar esta área cinzenta da língua inglesa. Aqui estão alguns:


Eles resolvem o problema? Tenho lá minhas dúvidas.

Certa vez, na Inglaterra, eu estava acompanhando um grupo de alunos num curso de férias. Às vezes, eu assistia a algumas aulas, só para ver como um native speaker ensinava inglês para um grupo de foreigners. Um dia, para meu espanto, o professor anunciou: “Hoje eu vou ensinar vocês como dominar os phrasal verbs.”

“Pombas, que sorte a minha!” pensei. Finalmente, alguém ia me ‘mostrar o caminho’. Peguei minha caneta e fiquei a postos. Em tempo: naquela época ainda se dizia 'pombas!' e não 'wow!'

O rapaz passou o braço sobre a mesinha do professor, derrubando no chão livros, papéis, slides, canetas, lápis – o diabo. Aí ele se sentou sobre a mesa na posição de lótus, fechou os olhos e começou a entoar, se é que se pode chamar assim, um som parecido com “hmmmmmmmmmmmmm”.
Depois de mais ou menos um minuto, ele abriu os olhos, sorriu docemente para a classe e disse: “É assim que funciona. Você reza para o deus dos Phrasal Verbs e pede que ele o ilumine.”
Amém.




Jan. 20, 2016

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Conversation lessons


Em todo curso de inglês, o que se pretende, em última análise, é que os alunos sejam capazes de dominar, com razoável competência, as quatro habilidades de que se compõe o processo de aprendizagem: listening, speaking, reading e writing.
Qual skill é o mais difícil? Não saberia dizer, mas certamente speaking envolve fatores pessoais que não dependem da experiência do professor. A timidez de alguns alunos, o espírito de liderança de outros, o grau de maturidade da classe, a adequação do tema proposto à idade da turma podem levar a conversation lesson  a um constrangedor silêncio, recheado de risadinhas nervosas e temperado com um amargo sabor de fracasso.

Com base no que eu vi e vivi em sala de aula, vou relatar algumas experiências:
- For and Against é um livrinho (com cerca de apenas 60 e poucas páginas) de L. G. Alexander, publicado pela Longman na década de 80. O esquema do livro era interessante: o texto era apresentado, sempre na página à esquerda, e na direita, dois conjuntos de argumentos – um pró e outro contra as ideias do texto. Os alunos tinham de se decidir de que lado estavam e partir para o debate. Os temas propostos hoje estão completamente ultrapassados, mas a ideia geral ainda me parece válida. Não faz mais sentido discutir coisas como “It’s high time men ceased to regard women as second-class citizens” ou “We should all grow fat and be happy”. Hoje existem sites que fornecem extensas listas de tópicos para conversação ou debate:


- Caring and Sharing in the Foreign Language Class, de Gertrude Moskowitz, publicado pela Newbury House. Um dos livros mais instigantes com que já trabalhei. A Autora faz uma abordagem humanística dos temas, o que tornava a aula muito leve e agradável. Vejam alguns exemplos:
1. Search for someone who
a) would like to be a disc jockey
b) will celebrate their birthday next month
c) has visited Russia
d) etc.
2. I had a dream: Ask the students to tell a dream and say what it meant to them.
3. A day to remember: Ask the students to close their eyes and say to them: “I want you to think back to a very special day in your life, a day that had particular meaning to you. It doesn’t have to be an exciting day, just one that meant a lot to you, a day you would like to relive all over again, just as it happened. Visualize yourself that day...What were you wearing? Who was with you? Etc.”

A experiência mais impressionante que tive com esse livro foi um exercício assim: pedi que os alunos fechassem os olhos e deitassem o rosto na carteira. Eles teriam de ficar bem relaxados e não pensar ou lembrar nada. Deveriam apenas e tão somente ouvir minha voz, contanto de 10 a 0. Depois disso, eu os deixei assim, em silêncio, por alguns segundos. Aí eu comecei a contar novamente, desta vez de 0 a 10. Believe it or not, vários deles chegaram a dormir e sonhar! Quando eles me contaram o que sonharam, eu mesmo fiquei assustado com esse meu ‘poder mediúnico’ e nunca mais repeti a 'brincadeira'.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

"The difference between stupidity and genius is that genius has its limits." (Albert Einstein)



Eu tenho um livro chamado The 776 Stupidest Things Ever Said, de Ross and Kathryn Petras, Doubleday, New York, 1993.
Selecionei algumas dessas pérolas para efeito de comparação com nossas gemas. Com este riquíssimo material, um professor pode, por exemplo,
a)   fazer uma eleição na classe para a escolha da melhor (ou pior) frase;
b)   dividir os alunos em grupos para estabelecer comparações entre as frases, dividindo-as por assuntos;
c)   brincar de psiquiatra e desafiar a classe a pesquisar e diagnosticar qual é o problema mental dos autores dessas frases – se é que eles têm algum;
d)   etc.
Bom proveito.
1.   If crime went down 100%, it would still be fifty times higher than it should be. (Councilman John Bowman commenting on the high crime in Washington, D.C.)
2.   They always bite the hand that lays the golden egg. (movie mogul Samuel Godwin, talking about film directors)
3.   In a few weeks it had been found out that this promise was full of emptiness. (W. Brodrick, British statesman)
4.   Members and Non-Members Only. (sign outside Mexico’s Mandinga Disco in the Hotel Emporio)
5.   It’s about 90% strength and 40% technique. (Johnyy Walker, wrist-wrestling champion, talking about what it takes to be a champ)
wrist-wrestling
6.   Tense, Gender and Number: For the purpose of the rules and regulations contained in this chapter, the present tense includes the past and future tenses, and the future, the present; the masculine gender includes the feminine, and the feminine, the masculine, and the singular includes the plural, and the plural the singular. (in the 1973 state code for the Department of Consumer Affairs, California)
7.   We’re launching this innovation the first time. (New York City Mayor Jimmy Walker)
8.    In no way is it possible for a person to be in two places at the same time, especially if there is a great distance in between. (Judge Amado Guerrero, Mexican Tenth District Federal Court)
9.   Send all he details. Never mind the facts. (telegram from the editor of the old New York World to his Washington correspondent.)
10.               After finding no qualified candidates for the position of principal, the school department is extremely pleased to announce the appointment of David Steele to the post. (Philip Streifer, superintendent of schools, Barrington, Rhode Island)

E agora, as nossas, cuja autoria goes without saying:

11.               I'm saluting the cassava, one of Brazil's greatest achievements.
cassava
12.               When we create a ball like this one, we become homo sapiens, or woman sapiens.

13.               Brazil’s self-sufficiency has always been insufficient.

14.               Manaus Free Trade Zone is the centre of the Amazon, because it is the capital of Amazon.

15.               Inflation has been one of our great achievements in the years of President Lula’s administration and mine.

16.               All those running for president wish for one thing only: to become president.

17.               In Portugal, unemployment is something like 20% now. In other words, one out of four Portuguese workers is out of work.

18.               To begin with, I’d like to say that I have high respect for the Varginha's space alien.

Varginha's space alien

19.               Children's Day is also Mother’s Day, Father’s Day and Teachers’ Day, but it is World Animal Day as well, because whenever you look at a child there’s always the figure of a dog hiding behind the kid.


20.               Yesterday I told President Obama that he obviously knew that once the toothpaste comes out of the dentifrice, it hardly ever goes back into the dentifrice again.