Já nos batizaram de Ilha de
Vera Cruz. Terra de Santa Cruz, Império do Brasil, Estados Unidos do Brazil, Estados
Unidos do Brasil e ultimamente, se é que não estou enganado, República
Federativa do Brasil. Em resumo, já fomos Brazil e viramos Brasil. Porém, a
julgar pelo número de palavras inglesas que vêm entrando sem cerimônia em nosso
léxico, em pouco tempo voltaremos a ser de novo Brazil, que é como somos
conhecidos lá fora.
Interessante: no tempo em que
D. Pedro II cofiava suas alvas barbas, enquanto inspecionava escolas (o Caraça
e o Porto Seguro, entre outros), éramos Brasil. Depois, quando o respeitável
imperador levou um chute no traseiro, como diria Jérôme Valcke, aí nosso
atrapalhado país passou a ser escrito ora com ‘s’, ora com ‘z’. Foi só em 1945
que finalmente bateram o martelo em cima do Brasil, com ‘s’.
nota
de 1917 nota
de 1921
Mas voltando à ‘última flor do
Lácio, inculta e bela’, cada vez menos bela e cada vez mais inculta...Ah, se
Olavo Bilac visse o que fizeram com o nosso lindo idioma!
Os estrangeirismos! Já não
falo das palavras importadas que há muito habitam nossos dicionários. Essas, é
forçoso reconhecer, já se abrasileiraram. Termos como futebol, sanduíche,
abajur etc. já são nossos velhos conhecidos e nos damos muito bem com eles.
Falo das palavras inglesas que
ouço de pessoas que, more often than not,
sabem pouco ou nada de inglês, e que usam tais palavras para fingir uma
intimidade com a língua que elas não têm.
Dizem que compraram algo numa sale e não numa liquidação, que tiveram
um insight e perceberam o que estava
acontecendo, que foram a uma festa black
tie, que odeiam fast food, que só
tomam refrigerantes diet, que adoram
tirar uma selfie e por aí afora.
Aqui vai uma listinha, certamente incompleta, de palavras
inglesas que já fazem parte do nosso dia a dia:
best
seller
bike
black tie
blazer
black tie
blazer
camping
cash
cash
CD
player
checkup
commodities
commodities
database
delivery
delivery
design
diet
doping
drive-in
drive-thru
drive-thru
duty-free
e-mail
fashion
fashion
fast
food
feedback
feedback
fitness
flashback
flashback
flat
freezer
full-time
funk
game
gay
full-time
funk
game
gay
gospel
happy hour
happy hour
hardware
hashtag
heavy
metal
holding
holding
home
banking
jeans
king-size
kit
light
lobby
light
lobby
lycra
manager
marketing
MBA
megastore
manager
marketing
MBA
megastore
meme
merchandising
merchandising
mix
modem
mountain-bike
modem
mountain-bike
mouse
multimedia
offshore
offshore
office-boy
on-line
outdoor
outdoor
part-time
relax
rush
sale
sale
scanner
self-service
serial killer
self-service
serial killer
sexy
slide
slogan
slide
slogan
software
spray
spray
star
stretch
ticket
stretch
ticket
topless
top model
trainee
top model
trainee
upgrade
van
van
video-game
Mas
a avacalhação com a nossa língua não é fenômeno novo. Monteiro Lobato, em
‘Ideias de Jeca Tatu’, publicado em 1919, tem um delicioso conto chamado
‘Curioso caso de materialização’, em que ele cai de pau nos francesismos da
época. Vale a pena (re)ler:
Criativo como sempre! Parabéns!
ResponderExcluirA história da humanidade sempre foi escrita assim. Estamos numa sociedade global escrita majoritariamente em inglês, é natural que isso ocorra.
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