PENSAMENTOS
1.
Teimosia: Por mais que digam o contrário, eu
ainda acho que é o Sol que gira em torno da Terra.
2.
Neymar: Após assinar contrato com a Gomes da
Costa, o craque da Seleção Brasileira vai tatuar uma sardinha na bunda.
3.
Atenção: A expressão ‘matar dois coelhos com
uma só cajadada’ não tem nada a ver com o Paulo Coelho.
4.
Sinceridade: Os políticos só falam a verdade
quando se acusam.
CONTA
OUTRA, VÓ
1. Era
uma vez um vagalume que tentou se relacionar com pisca-pisca de um automóvel.
Ou melhor, com os dois.
2. Era
uma vez um boi careta que tinha medo de cara preta.
3. Era
uma vez um ornitorrinco que era uma aberração da natureza: tinha cara de pato,
bico de pato, pés de pato, asas de pato, corpo de pato e fazia ‘quem-quem’
quando nadava. Mas não era pato, era ornitorrinco.
4. Era
uma vez um casulo que sonhou que virava uma borboleta – mas ele não acreditava
em sonhos.
BIOGRAFIA
DE SHAKESPEARE
Shakespeare
frequentou a única escola que havia na cidade e teve noções básicas do que era
chamado popular e jocosamente de the
three rs (os três Rs): reading, (w)riting and (a)rithmetic (ler, escrever e fazer contas), além de um
pouco de latim, tendo inclusive tatuado a frase Amor amore compensatur (Amor com amor se paga) no traseiro. (CONT.)
TEMPOS
DE ESCOLA
DE COMO APRENDI AS
PREPOSIÇÕES
No meu tempo havia um exame
de admissão ao ginásio. Depois que a gente terminava o primário, era preciso
fazer um exame para continuar os estudos. Eu terminei o quarto ano primário com
nove anos e, portanto, não tinha idade suficiente para entrar no ginásio.
Precisei fazer um 5º ano, com a Dona Jandira, que era muito alta e andava
sempre de saia preta.
No segundo semestre desse 5º
ano, entrei para um curso particular de admissão na rua Fradique Coutinho. O
curso funcionava na casa de uma das duas professoras, que eram irmãs: Dona
Guiomar e Dona Maninha. Só que o curso era anual e as aulas já tinham começado
em março. E eu cheguei lá em agosto, sem conhecer ninguém.
Assim que me sentei numa
daquelas carteiras duplas, morrendo de medo de ser chamado para responder
alguma pergunta, a Dona Maninha, com o indicador curvo como uma garra, apontou
para mim e disse:
- Preposições! Amanhã eu
quero a lista das preposições. De cor!
Tremi. Não sabia o que era
uma preposição e não fazia ideia de onde conseguir a lista. No 5º ano, que não
era obrigatório, mas apenas uma espécie de sala de espera para quem não podia
ingressar no ginásio, não havia livros. A professora ensinava o que lhe dava na
telha. E as preposições? Onde consegui-las?
Voltei para casa e fui
direto para o barracão. O barracão era um quarto extra que meu pai havia
construído no fundo da casa. As paredes eram feitas de tábuas de madeira e lá
meu pai guardava um monte de ferramentas. Que eu me lembre: um martelo, dois
serrotes, uma morsa, um pé de ferro, um furador de couro, um jogo de chaves de
fenda e uma caixa enorme com limas, brocas, parafusos, buchas, pregos, dobradiças,
roscas, fita isolante, rolos de barbante, fio elétrico, pedaços de arame e alicates
de vários tipos. Fora isso, sempre havia um certo número de garrafas de vinho,
de refrigerante e de leite. Sim, o leite vinha em garrafas de vidro com uma
tampa de alumínio. Às vezes apareciam no barracão alguns pneus, mas eles não
duravam muito tempo. No meio dessa bagunça, uma estante capenga guardava livros
didáticos usados de meus irmãos mais velhos. E foi ali que eu achei numa edição
de 1937 de um livro caindo aos pedaços a tal lista das preposições.
No dia seguinte, lá fui eu
para a escolinha da Dona Maninha, que era maior, mais velha e mais brava que a
Dona Guiomar. Com certeza ela era a dona, a diretora.
Mal Dona Maninha entrou na
sala, procurou com os olhos o aluno novo e mais uma vez fuzilou-me com aquele
dedinho curvo.
- As preposições!
Levantei-me da carteira e
descarreguei, ficando quase sem fôlego no final:
- A, ante, após, até, com,
contra, consoante, de, desde, durante, em, entre, exceto, para, per, perante,
por, sem, sob, sobre, trás.
- Per?
- Sim, senhora.
- Que per?
- Sei lá. Tava na lista.
- Pode se sentar.
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