domingo, 14 de setembro de 2014

DIÁLOGOS IMPROVÁVEIS DA HISTÓRIA DO BRASIL
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Em 1494, seis anos antes do descobrimento, houve o famoso Tratado de Tordesilhas, que nunca foi levado muito a sério.
- Vamos fazer o seguinte, João, - disse Isabel I, rainha da Espanha e esposa de D. Fernando de Aragão: a gente vai até Tordesilhas, que é aqui pertinho, e assinamos um tratado.
- Que tratado? – indagou desconfiado o rei de Portugal, D. João.
- O Tratado de Tordesilhas, é óbvio. – respondeu o soberano espanhol.
- Não foi isso que eu perguntei, Fernando.
- Deixa que eu explico, querido, - interveio a Rainha Católica. – A gente traça uma linha reta a, digamos, 350, 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
- Prefiro 370.
- Que seja: 370. Todas as terras a leste dessa linha pertencerão a Portugal. O que estiver a oeste será da Espanha. Que tal?
- Hm...parece razoável...Mas não sei, não. A gente não sabe exatamente o tamanho do mundo...Vai que do lado de lá os navegantes descobrem mais terras do que do lado de cá...Como é que fica Portugal nessa história?
- É um risco, João. Já pensou o contrário? Aí vai ser a Espanha que fica, literalmente, a ver navios, - disse Isabel dando uma risadinha, secretamente orgulhosa de sua metáfora.
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- Olha, - disse um dos primeiros portugueses que aqui chegaram. – a terra é muito bonita, as mulheres então, meu Deus! -  mas cadê as especiarias?
- É verdade.  – respondeu seu companheiro. - Há muita fruta por aqui, mas não dá para levar fruta para Portugal. Onde estão as ervas aromáticas, a pimenta, o gengibre, o cravo...
- A canela, a noz moscada, o açafrão, o cardamomo...hm...que delícia!
- Ouro, prata, pedras preciosas, então, nem pensar.
- Nem pensar...A única coisa que presta, aparentemente, é essa madeira avermelhada que pode ser usada como corante de tecidos.
- Como os índios chamam essa madeira mesmo?
- Alguns chamam de ibirapitanga, outros de pau-brasil.

- Pau-brasil soa melhor.

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