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Em 1494, seis anos antes do
descobrimento, houve o famoso Tratado de Tordesilhas, que nunca foi levado
muito a sério.
- Vamos fazer o seguinte, João, - disse Isabel I, rainha da
Espanha e esposa de D. Fernando de Aragão: a gente vai até Tordesilhas, que é
aqui pertinho, e assinamos um tratado.
- Que tratado? – indagou desconfiado o rei de Portugal, D.
João.
- O Tratado de Tordesilhas, é óbvio. – respondeu o soberano
espanhol.
- Não foi isso que eu perguntei, Fernando.
- Deixa que eu explico, querido, - interveio a Rainha
Católica. – A gente traça uma linha reta a, digamos, 350, 370 léguas a oeste
das ilhas de Cabo Verde.
- Prefiro 370.
- Que seja: 370. Todas as terras a leste dessa linha
pertencerão a Portugal. O que estiver a oeste será da Espanha. Que tal?
- Hm...parece razoável...Mas não sei, não. A gente não sabe
exatamente o tamanho do mundo...Vai que do lado de lá os navegantes descobrem
mais terras do que do lado de cá...Como é que fica Portugal nessa história?
- É um risco, João. Já pensou o contrário? Aí vai ser a
Espanha que fica, literalmente, a ver navios, - disse Isabel dando uma
risadinha, secretamente orgulhosa de sua metáfora.
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- Olha, - disse um dos primeiros portugueses que aqui chegaram.
– a terra é muito bonita, as mulheres então, meu Deus! - mas cadê as especiarias?
- É verdade. –
respondeu seu companheiro. - Há muita fruta por aqui, mas não dá para levar fruta
para Portugal. Onde estão as ervas aromáticas, a pimenta, o gengibre, o cravo...
- A canela, a noz moscada, o açafrão, o cardamomo...hm...que
delícia!
- Ouro, prata, pedras preciosas, então, nem pensar.
- Nem pensar...A única coisa que presta, aparentemente, é
essa madeira avermelhada que pode ser usada como corante de tecidos.
- Como os índios chamam essa madeira mesmo?
- Alguns chamam de ibirapitanga, outros de pau-brasil.
- Pau-brasil soa melhor.
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