O
pai de Shakespeare, John Shakespeare, comeu o pão que o diabo amassou até se
tornar alguém em Stratford. Como era um sujeito muito briguento, não parava em
emprego nenhum. Foi açougueiro, pintor de parede, ferreiro e marceneiro.
Atribui-se a ele a invenção da mesa de jantar com tampo reversível. Terminada a
refeição, era só virar o tampo. Não era preciso limpar a mesa. Os restos de
comida caíam no chão e os cães da casa se encarregavam da limpeza. Prático, não? Talher não havia. Toalha de
mesa, menos ainda. Comia-se com a mão.
Durante
um tempo Mr. Shakespeare foi negociante de couro e lã. Depois passou a fabricar
luvas, com o couro e a lã que roubava dos fregueses, até que conseguiu o
emprego dos seus sonhos, o de ‘fiscal de malte’, emprego este dos mais
cobiçados, pois consistia em experimentar todo tipo de cerveja e uísque
produzido na região. Não durou mais que dois anos no serviço por estar sempre
de fogo.
Algum
tempo mais tarde, John deu o chamado golpe do baú: casou-se com Mary Arden,
filha de um rico fazendeiro, Edward Arden, para quem seu pai, avô de William,
havia trabalhado. Dessa maneira, John Shakespeare tornou-se um agiota,
emprestando dinheiro a juros para lá de extorsivos. O homem se tornou tão
importante que chegou a ser eleito prefeito de Stratford, apesar de analfabeto.
O cara assinava o nome com um x!
Graças
a inúmeros trambiques, acabou provocando a ira de vários de seus eleitores, os
quais o expulsaram da prefeitura e lhe deram o calote, o que o levou à
falência. O que pode ter contribuído para a desgraça de John foi o fato de que
o sogro era um católico fervoroso num tempo em que a rainha Elizabeth I era a
chefe da Igreja Anglicana. O homem era desbocado, andou falando mal de um tal
de Robert Dudley, um sujeito muito amigo da Rainha Virgem, se é que vocês me
entendem, e não deu outra: ele acabou enforcado e esquartejado na Torre de
Londres, onde hoje se expõem as Joias da Coroa, a mais preciosa das
quais...Esquece.
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