1. Tecnologia: Cada dia odeio
mais esses troços tecnológicos. Eu, que por anos resisti a sequer comprar um
celular e, quando comprei, era o mais vagabundo possível, agora tenho email,
smartphone, whatsapp, blog, estou no facebook e no linkedin. Não sei distinguir um do
outro e vivo metendo os pés pelas mãos.
Sem falar na memória, cada vez mais fraca.
2. Burocracia: A base de toda
burocracia se assenta na certeza de que o ser humano é desonesto. Daí vem a
necessidade insana de tantas vias, carimbos, rubricas, assinaturas, certidões negativas, documentos originais com foto, cópias
autenticadas, notas fiscais e o diabo. Se não houver tudo isso, a gente frauda.
3. Triste coincidência: Em meus
longos anos de vida, nunca acendi uma vela em casa. Mas aconteceram tantas
coincidências que resolvi arriscar. Algumas semanas atrás fui a um leilão e
arrematei uma pechincha: três castiçais judaicos. Dias depois, tive uma longa
conversa com um jovem rabino que mora no meu prédio. Dei a ele um dos
castiçais. Anteontem recebi um exemplar da revista Morashá, onde aprendi que o
Hánuca, um feriado sagrado que dura 8 dias, teria início ontem. Decidi
então acender a primeira das oito velas ao pôr do sol, como manda a tradição. Pois
bem, ontem às 10 da noite, recebi a notícia de que um velho amigo – na verdade,
amigo do meu irmão – que eu conheço desde meus onze anos faleceu. Ele foi a
primeira pessoa a chegar ao hospital onde meu pai tinha acabado de falecer, por
volta da meia noite do dia 22 de dezembro, mais de cinquenta anos atrás. Não vou
mais acender vela porra nenhuma.
4. Justiça: Não sei se sabem,
mas eu escrevi um dicionário inglês-português, publicado pela FTD. Levou dez
anos para ficar pronto, não vende nada, mas eu tenho muito orgulho dele. Na
remota hipótese de uma nova edição, “revista e ampliada”, vou deletar o verbete
‘justiça’. Isso não existe. Pelo menos no Brasil não existe. Esse papo de que
ela tarda mas não falha é conversa mole para boi com insônia dormir. Quanto à
justiça divina, só Deus sabe.
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