quarta-feira, 26 de novembro de 2014

DIÁRIO DE UM SEQUESTRADO

Dia 22, sábado: Por volta do meio dia, os sequestradores me
 liberaram num ponto de táxi. Embarquei, telefonei (eles tinham
me devolvido o celular) para minha mulher e voltei para casa.

Dia 22, à tarde: Horas comunicando o roubo do cartão ao Visa. Em seguida, fomos à delegacia registrar o BO. Levou mais algumas horas. Na saída entramos numa padaria, famintos, pois não havíamos almoçado. Diabético, enchi um prato de doces e mandei bala, com perdão da infeliz metáfora. “Eu mereço,” justifiquei-me.

Dia 23, domingo: Pela manhã, recebi um telefonema de uma pessoa, avisando que o carro tinha sido encontrado e se achava numa delegacia no Morumbi. Fomos até lá de táxi (um nota preta – eu não moro no bairro e domingo é bandeira 2). Em lá chegando, travamos o seguinte diálogo:
- Viemos buscar nosso carro.
- Que carro?
- Um Corolla assim, assado.
- Esse carro não está aqui. Voltem mais tarde.
Voltamos, depois de passar algum tempo na casa de nossa sobrinha, que mora por ali. O carro finalmente chegara. Foi preciso fazer um documento atestando que o carro estava sendo devolvido aos seus legítimos donos. Levou mais tempo que o BO.

Dia 24 (segunda-feira):
a)   Manhã: Serasa, SPC e banco, para fazer o que eles chamam de contestação. Precisei contestar todas as compras feitas com o meu cartão no sábado. Quase trinta pilas.
b)   Tarde: Minha mulher levou o carro à concessionária e eu fui ao cardiologista, para saber se estava tudo bem. Estava, toc, toc, toc.

Dia 25 (terça-feira): de manhã, bem cedo, fui ao Poupa-Tempo, para tirar a 2ª via do RG. Levei os comprimidos que tenho de tomar no almoço, imaginando que iria passar o dia todo lá. Ledo e feliz engano: saí em menos de 15 minutos. Inacreditável! Senti-me na Dinamarca, país que, aliás, não conheço.

Nesse meio tempo, minha mulher foi ao supermercado para ‘apresentar a conta’ dos danos materiais e morais de que fui vítima. Eles vão examinar o caso, que por sinal termina aqui.

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