DIÁRIO DE UM SEQUESTRADO
Dia 22, sábado: Por volta do meio
dia, os sequestradores me
liberaram num ponto de táxi. Embarquei, telefonei
(eles tinham
me devolvido o celular) para minha mulher e voltei para casa.
Dia 22, à tarde: Horas comunicando o
roubo do cartão ao Visa. Em seguida, fomos à delegacia registrar o BO. Levou mais
algumas horas. Na saída entramos numa padaria, famintos, pois não havíamos
almoçado. Diabético, enchi um prato de doces e mandei bala, com perdão da
infeliz metáfora. “Eu mereço,” justifiquei-me.
Dia 23, domingo: Pela manhã, recebi
um telefonema de uma pessoa, avisando que o carro tinha sido encontrado e se
achava numa delegacia no Morumbi. Fomos até lá de táxi (um nota preta – eu não
moro no bairro e domingo é bandeira 2). Em lá chegando, travamos o seguinte
diálogo:
- Viemos buscar nosso carro.
- Que carro?
- Um Corolla assim, assado.
- Esse carro não está aqui. Voltem
mais tarde.
Voltamos, depois de passar algum
tempo na casa de nossa sobrinha, que mora por ali. O carro finalmente chegara.
Foi preciso fazer um documento atestando que o carro estava sendo devolvido aos
seus legítimos donos. Levou mais tempo que o BO.
Dia 24 (segunda-feira):
a) Manhã: Serasa, SPC e banco, para fazer o que eles chamam de
contestação. Precisei contestar todas as compras feitas com o meu cartão no
sábado. Quase trinta pilas.
b) Tarde: Minha mulher levou o carro à concessionária e eu fui ao
cardiologista, para saber se estava tudo bem. Estava, toc, toc, toc.
Dia 25 (terça-feira): de manhã, bem cedo, fui ao Poupa-Tempo, para
tirar a 2ª via do RG. Levei os comprimidos que tenho de tomar no almoço,
imaginando que iria passar o dia todo lá. Ledo e feliz engano: saí em
menos de 15 minutos. Inacreditável! Senti-me na Dinamarca, país que, aliás, não
conheço.
Nesse meio tempo, minha mulher foi ao supermercado para ‘apresentar
a conta’ dos danos materiais e morais de que fui vítima. Eles vão examinar o
caso, que por sinal termina aqui.
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