Eu acho
Em matéria de escola, eu tenho
algumas opiniões:
- eu acho que as notas
deveriam ser reduzidas a três: A, B e C.
Nada de 8,0, 8,5 etc. Quem tira A é bom e passa; quem tira B é médio e
também passa; quem tira C não passa.
- acho que as provas deveriam
ser aplicadas periodicamente a todos alunos, até o momento que o professor
passe a conhecer bem seus alunos. Depois disso, deveria ser possível dispensar
os melhores alunos de submeter-se a uma avaliação em que, de antemão, o
professor sabe que aquele aluno vai se sair bem. Lembro-me de um aluno que
falava inglês melhor do que eu e que faltou a uma prova minha. Eu precisei
preparar-lhe uma prova substitutiva, sabendo que ele tiraria no mínimo 9,0 ou
9,5. Tirou 8,5. E daí? Pura perda de tempo. Vez ou outra, eu fazia a seguinte
experiência: durante a aplicação de uma prova: eu ia de carteira em carteira,
escrevendo a lápis a nota que eu achava que o aluno ia tirar. Nunca errei por
mais de um ponto, para mais ou para menos. Em resumo, depois de um certo tempo,
só os alunos com aproveitamento insatisfatório é que fariam a prova.
- eu acho que o aluno tem que
tomar cuidado com o professor, que, como eu costumava dizer, mora longe e ganha
pouco. O aluno que atrapalha a aula e irrita o professor vai para a Diretoria e
fica na marca do pênalti: se aprontar de novo, rua!
- acho que esse negócio de ‘aprender
brincando’ só vale para quem vai à escola para brincar. Aprender é difícil, é
chato e leva muito tempo. “Brincano, brincano, no se va lontano”, diria um
analfabeto em italiano como eu.
- eu acho que o vestibular
(existe isso ainda?) para a carreira de professor – de qualquer disciplina –
deveria ser tão rigoroso quanto o de medicina, engenharia etc. O curso também
deveria ser bem exigente. Ao se formar, o professor deveria ter a oportunidade
de obter um bom trabalho e um salário mais do que decente.
- eu acho que a cola é uma
ofensa ao professor. Eu nunca perdoei os pouquíssimos alunos que eu peguei
colando. Tive um professor que, ao devolver a prova corrigida nas mãos de um
aluno que tirou zero, disse-lhe: “Eu venho aqui a esta sala quatro vezes por
semana e você, em quatro semanas, não conseguiu aprender nada, absolutamente
nada do que eu lhe ensinei? Este zero é mais um sinal do meu fracasso do que o
seu.” Um aluno que cola também está dando um zero para o professor.
- eu acho que o sistema de
antigamente, em que os alunos, ao terminar a 4ª série do ginásio (não sei que
nome idiota tem isso agora), optava pelo clássico (português, línguas
estrangeiras, história, geografia, ciências humanas de maneira geral) ou pelo
científico (português, línguas estrangeiras, matemática, física, química e biologia).
Pouquíssimos alunos podem se sair bem em todas as matérias que lhe enfiam goela
abaixo hoje em dia.
- eu acho que o ensino do
português deveria ser o mais aprofundado possível. O estudo da nossa gramática
é indispensável. Não suporto constatar que advogados, médicos, engenheiros etc.
cometem toda sorte de erros. Jornais e revistas vêm recheados de bobagens do
tipo “fazem três meses que...”; “haviam muitas pessoas que...”; “eu não
esqueci-me”; “os homens que rebelaram-se...”. Também não custa nada aos âncoras
da televisão pronunciar gratuito e fortuito com a tônica no ‘u’.
- acho que não há nada errado
com a chamada aula expositiva, tão criticada por tanta gente. Se o professor
conhece sua disciplina, explica bem, dialoga com a classe, não vejo por que tal
método seja pior do que o estudo em grupo. Abro uma exceção para o ‘pair work’,
indispensável num curso de inglês. Quem é do ramo sabe do que estou falando.
- acho que o uso da internet
na sala de aula é uma faca de tantos gumes, que é melhor eu me calar. Afinal, sou
do tempo do giz, da máquina de escrever e do mimeógrafo a álcool.
- acho que é isso que eu acho.
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