Da série assustadora
Minicontos de mistério
O velho na chuva
Eu estava no terraço da casa da minha
mãe. Digo ‘minha mãe’ e não ‘meus pais’ porque meu pai morreu quando eu era bem
pequeno e mal me lembro do seu rosto.
Havia um portão que se abria para uma
escada, ladeada por dois pequenos jardins. A escada dava no terraço, onde havia
duas poltronas de vime e uma mesinha de ferro com tampo de vidro.
A casa não existe mais. Ele precisou
ser posta abaixo para que a Faria Lima passasse por lá.
Bem, eu estava no terraço, observando
a chuva que caía sem muita força, quando divisei um vulto alto atravessando a
rua em direção à minha casa. Era um homem velho, forte, de vasta cabeleira branca,
vestindo uma capa comprida que chegava quase aos seus pés.
Quando ele parou no portão, eu me
levantei da poltrona de vime e, meio assustado, perguntei: ‘Você quem é?”
Ele abriu o portão e respondeu: ‘Quem
você acha que eu sou?’
Antes que eu pudesse ter qualquer
reação, ele pulou sobre mim e agarrou minha garganta, como que querendo me
estrangular.
Para me defender, comecei a
desesperadamente dar murros na cara dele.
‘Para, Israel, você está batendo em
mim!’ gritou minha esposa ao meu lado na cama.
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