Os burros chamam o dicionário de 'pai dos burros' |
Ontem,
eu falei dos dicionários online inglês-inglês. Hoje, quero me deter um pouco em
dois ou três outros tópicos:
Em
primeiro lugar, os dicionários online inglês-português. Também fiz uma pequena
pesquisa comparativa, usando a palavra guardrail
como ponto de partida. Eis o resultado:
Aulete: barreira ou mureta
de proteção us. nas estradas e pistas de competição
Bab.la: corrimão, gradil
Infopedia: grade de proteção
Linguee: balaustrada
Michaelis: cerca de segurança
Portuguese Dictionary: trilho de segurança,
corrimão
SensAgent: corrimão, trilho de
segurança
À primeira vista, a melhor explicação é
a do Aulete. Pelo menos, é o significado com o qual estamos mais familiarizados,
uma vez que a palavra já está praticamente incorporada ao nosso léxico,
divulgada à exaustão pelas transmissões de corridas de Fórmula 1. Contudo,
minha preferência (sempre lembrando que a escolha é muito subjetiva) vai para
Linguee, não em virtude da ‘balaustrada’, palavra rara entre nós, mas porque
este dicionário oferece um grande número de frases em inglês e suas
correspondentes traduções, as quais vão muito além da infeliz balaustrada.
Em segundo lugar, os dicionários de
papel. Devo ter uns trinta, no mínimo, mas hoje, quase não
faço mais uso deles. Vou direto na internet. Os meus favoritos eram o Cobuild
(disparado, o melhor, na minha opinião – depois eu explico), o Oxford, o
Cambridge, o BBI e o Webster, nessa ordem. Mais adiante, voltarei ao Webster.
Como justificar esta
minha preferência rasgada pelo Cobuild? Permitam-me fazer uma comparação com
uma palavra colhida a esmo, comeback,
por exemplo:
COLLINS COBUILD ENGLISH DICTIONARY
comeback /’kVmb{k / comebacks
1 If
someone such an entertainer or sports personality makes a comeback, they return to their profession or sport after a period of absence. Sixties singing star Petula Clark is making
a comeback.
2 If
something makes a comeback, it
becomes fashionable again. Tight fitting
T-shirts are making a comeback.
3 If
you have no comeback when someone
has done something wrong to you, there is nothing you can do to have them
punished or held responsible, for example because the law or a rule prevents
it.
OXFORD Advanced Learner’s Dictionary of current
English:
comeback
/’kVmb{k / n 1 a return to a former successful
position: an ageing pop star trying
make/stage a comeback. 2 (infml) a quick reply to a critical
remark.
CAMBRIDGE INTERNATIONAL DICTIONARY OF ENGLISH
come.back /’kVmb{k / n [C]
a successful attempt to get power, importance or fame again after a period of
having lost it. With ten extra years and
ten extra kilos on him, the boxer failed to make a comeback.
THE BBI COMBINATORY DICTIONARY OF ENGLISH
comeback
n. [‘recovery’ 1. to attempt, try; make a ~ 2. a successful; unsuccessful ~ [‘retort’]
3. a snappy ~
Webster’s New Word Dictionary of the American
Language (second college edition):
come.back (kum´bak´) n. [Colloq.] 1. a return to a
previous state or position, as of power, success, etc. 2. a witty
answer; retort 3. ground for action or complaint; recourse
O Cobuild, como facilmente se vê, vai mais longe,
é mais rico. Praticamente todas as explicações se iniciam por if, sempre tentando contextualizar o
verbete. Os demais limitam-se a explicar o vocábulo e dar algum exemplo.
A exceção fica para o
BBI, que não é propriamente um dicionário, no sentido tradicional da palavra. O
que o BBI tem de original é que ele é mais um dicionário de collocations, ou seja, ele fornece
combinações de palavras, como, por exemplo, que verbos costumam ser usados com
seus respectivos objetos diretos, ou que adjetivos são normalmente usados com
certos substantivos: call an alert, hatch
a conspiracy, crack a smile; body: an advisory ~; a solid ~; a decomposing ~
Entre os meus inúmeros
dicionários, está a edição histórica do Webster’s New International Dictionary,
de 1936, que pesa 7.1 quilos (juro, eu pesei), tem 3.350 páginas e contém um
erro colossal, que passou anos despercebido e só foi corrigido, com a
supressão de uma palavra que não existe, senão em 1947.
Bola fora - quem diria? |
Naquela época, os verbetes eram
escritos a mão em pequenas fichas de papel. O especialista em química/física
escreveu “D or d. cont/density”. O que ele pretendeu foi dizer que a palavra density, em química e física, pode ser
abreviada por D ou d. Alguém empastelou o manuscrito,
juntou D+or+d e o resultado foi o seguinte:
dord (dôrd) n. Physics & Chem. Density
Quanto aos dicionários
inglês-português, ainda fabricados com papel, o universo aqui é bem menor: Antonio Houaiss, Jelin, Landmark, Longman, Michaelis, Porto Editora e Password.
A modéstia
me impede de apontar o mais sério, o mais criterioso, o mais honesto e o quase
enciclopédico dicionário bilíngue. Deixo a escolha para vocês.
Sem palavras |
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