terça-feira, 31 de outubro de 2017

Bolando alternativas erradas, com base no vocabulário

Bolando alternativas erradas, com base no vocabulário
Uma das maneiras mais comuns de induzir o aluno ao erro é criar uma alternativa cuja armadilha está justamente na tradução ‘torta’ de um determinado vocábulo. E daí?, perguntará o impaciente vestibulando. Para se precaver contra tal armadilha, será então necessário conhecer todas as palavras da língua inglesa? É claro que não, mas é preciso, sim, preocupar-se com certas classes de palavras.
Aqui vai uma listinha:
1.   conjunctions (although, in order to, unless, so that, etc.)
Imagine que o texto diga isto:
“Although ‘trauma’ can mean many things, and is generally considered destructive, its demands can force people to learn what their abilities are and which are most useful when all seems lost.”  (The New York Times, 12 September 2017)
Aí o insidioso preparador do teste escreve o seguinte:
1)   Segundo o texto:
e)   uma vez que a palavra ‘trauma’ pode ter inúmeros significados e tem geralmente uma conotação destrutiva, ela pode obrigar as pessoas a descobrir suas habilidades e quais delas serão as mais úteis quando tudo parece perdido.
O que está errado aqui? É aquele although, que não é ‘uma vez que’ e sim ‘embora’.

2.   false friends (actually, pretend, avocado, etc.)
O texto, inocentemente, afirma que:
“Writing in The New York Times, physician Perri Klass warns that many parents are unaware of the risks posed by the digital screen.” (http://www.albertmohler.com, 18 May 2011)
O malévolo preparador do teste inventa isto:
2)   According to the text,
c) Perri Klass has a degree in physics

Qual é o erro aqui?
Physician não é ‘físico’ e sim ‘médico’.

3.   some/any (someone, nobody, anything, etc.)
O preparador da prova escolheu um texto que afirma o seguinte:
“Trump wanted to promote a myth — talk about “fake news” — that thousands of Muslims in New Jersey celebrated 9/11, which he falsely claimed Kovaleski reported while working at The Washington Post. Any reasonable person looking back at the facts would find that ­absurd. (The Washington Post, 15 January 2017)

O insidioso preparador do teste faz o erro da alternativa recair na inocente palavrinha any:
3)   Deduz-se que:
a)   Nenhuma pessoa razoável, examinando os fatos, acharia isso absurdo.
Qual é o problema aqui?
Neste texto, any não significa ‘nenhum’. Significa ‘qualquer’.

4.   infinitive/gerund (try + to/ try + ing; regret + to/ regret + ing)
No texto aparece o seguinte trecho:
“Britain will stop training Burmese military until Rohingya crisis is resolved.” (The Telegraph, 19 September 2017)

O ardiloso preparador do teste, como quem não quer nada, sorrateiramente enfia entre as alternativas, digamos na letra a), o seguinte:
4)   De acordo com o texto,
a)   a Grã-Bretanha vai parar para treinar as forças militares de Burma até que se resolva a crise referente à minoria Rohingya.
Acontece que stop + verb+ing não quer dizer ‘parar para’ e sim ‘parar de’. ‘Parar para’ é stop to’.

5.   –in-laws (mother-in-law, father-in-law, son-in-law, sister-in-law, etc.)
Família costuma dar muita dor de cabeça. Digamos que o texto traga a seguinte informação:
“New mum’s fury at mother-in-law who sneaks into the ward and holds baby before she can.” (Daily Mirror, 11 October 2017)

O que faz o danado do preparador do teste?
Bola uma alternativa assim:
5)   We can say that
e) the woman who had just given birth to her baby was furious at her mother, who had held the child before she could do so.
Onde está a pegadinha?
A mulher que ‘invadiu’ o berçário e pegou o bebê antes da mãe não era a mãe dela, mas sim a mãe do marido ou companheiro, isto é, a sogra.

6.   Similar words (wealth/health; childlike/childish, etc.
Cai nas mãos do preparador do teste o seguinte trecho do Financial Times, de 17 de fevereiro de 2012:
“Just make sure you are appropriately childlike rather than childish.”
O sinistro preparador do texto apresenta esta alternativa:
6)   O autor do texto recomenda que sejamos
b)   infantis, no sentido de imaturo, tolo, e não infantis, no sentido de inocente, puro
O perigo aqui é que, embora chldish e childlike possam ser traduzidos da mesma forma, o primeiro adjetivo tem uma conotação negativa e o segundo, uma conotação positiva.

7.   would rather/had better
Um leitor do Daily Telegraph escreveu em 19 de abril de 2009:
“It seems that instead of having new and exciting political satire (and decent journalists), the Daily Telegraph would rather spend their money on online sections like “Celebrity sightings” – completely nonsensical pictures of celebrities getting in and out of cars.
O maquiavélico preparador do teste escreveu na letra e:
7)   O leitor reclama que
e) o jornal deixou de privilegiar as seções on line que focalizam as celebridades entrando e saindo de carrões.
Acontece que would rather, expressão em que se baseia o erro da alternativa, significa ‘preferir’. É disso que se queixa o leitor. O Daily Telegraph caiu de nível.

8.   Former/latter
Cuidado aqui! O ardiloso preparador se depara com o seguinte trecho:
“if you were a Republican of the middle classes, you read the “Boston Herald Traveler,” which came out, in those pre-internet days, in both morning and evening editions. As did the “Boston Post” and the “Boston Globe,” the latter read by liberals, Democrats, and many persons connected to academia and medicine.” (https://folknewengland.org, 8 October, 2016)
O sutil preparador de testes indaga:
8)   Naquele tempo (antes do advento da internet), o que liam os liberais e democratas?
c)   o Boston Herald Traveler.

O erro da alternativa consiste no seguinte: quando se faz menção a dois itens, o ‘mais distante’, isto é, o que é citado primeiro, é o ‘former’ e o segundo o ‘latter’. No caso, o jornal que os liberais e democratas liam era o Boston Globe, o mais próximo da palavra ‘latter’.

9.   Prepositions (at, in, on, etc.)
Calma, não me refiro aqui ao uso das preposições. Isso é um outro capítulo, que não cabe aqui analisar. Quando me refiro às preposições, tenho em mente as armadilhas que o safado do preparador de testes pode aprontar. Se, por exemplo, ele topar com este texto:
“According to the Las Vegas Sun, “Above-ground nuclear testing was a major public attraction during the late 1950s, and hotels capitalized on the craze by hosting nuclear bomb watch parties, which usually included the dubbing of a chorus girl as Miss Atomic Bomb.”  (Las Vegas Sun, 5 October 2012)

é bem possível que lhe ocorra criar uma alternativa assim:
9)   O que atraía um grande número de turistas em Las Vegas no fim dos anos 50 eram:
d)   os testes nucleares subterrâneos.
Pois é. Esta alternativa  está errada, uma vez que ‘above’ significa ‘acima’. Portanto, ‘above ground nuclear testing’ deve ser entendido como testes nucleares acima do solo.


10.               Last but not least, phrasal verbs (look after, make up for, drop by, etc.)
Sim, os phrasal verbs são infernais. Tão impenetráveis para nós e tão naturais para um native speaker. O que se pode fazer? Não adianta tentar decorar todos. O jeito é aprender pelo menos os mais conhecidos e esperar que o preparador seja camarada e tenha bom senso. Por exemplo, ele se depara com um texto assim:
“I am currently reading 'Churchill's Secret War with Lenin', and have come across {on page 33} mention of 2 sisters, Ackolina and Sasha Nicolina, who attacked 3 armed Finns in a boat, drowning 2 of them and causing the other to be captured. They were Karelian Regiment Auxiliaries and were awarded the Military Medal by General Maynard, but I can't find any mention in the London Gazette. Can anyone identify an entry?” (by Alf McM, in London Gazette, 27 June 2017)
11.               One can infer that:
a)   Alf McM had been looking for a piece of news about 2 sisters, Ackolina and Sasha Nicolina, and was lucky enough to find it.
Esta alternativa se baseia exclusivamente no phrasal verb ‘come across’, que quer dizer encontrar alguém ou alguma coisa por acaso.





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