O mundo do teatro está cercado
de superstições. ‘Macbeth’, de Shakespeare, por exemplo, tem a fama de maldita.
A cada montagem, acontecem acidentes, um holofote cai na cabeça de um
maquinista, uma atriz tem um ataque cardíaco, o teatro pega fogo etc. Dá azar
pronunciar o nome Macbeth fora da peça. Os atores, produtores, diretores e toda
a equipe só se referem à tragédia como ‘a peça escocesa’.
Dizem que o Theatre Royal em
Bath (não me perguntem por que o teatro se chama Theatre Royal e não Royal Theatre – eu perguntei para uma
inglesa e ela não soube me responder) é mal assombrado. Alguns expectadores
juram de pé junto que já viram o fantasma de uma antiga atriz, conhecida
popularmente como Lady Grey.
Uma norma que é seguida à
risca na Inglaterra é nunca desejar boa sorte aos atores dizendo ‘good luck’.
Em vez de ‘good luck’, deve-se dizer ‘break a leg’, de origem obscura. Existem
várias hipóteses para explicar a razão de tal superstição, mas isso não vem ao
caso. Se quiserem, deem uma espiada em https://en.wikipedia.org/wiki/Break_a_leg.
Na França, os atores também
são supersticiosos. Lá, pelas mesmas inexplicáveis razões, ninguém lhes deseja ‘bonne
chance’. O correto, se é que se pode dizer isso, é ‘merde’, que dispensa
tradução.
No Brasil seguimos a tradição
francesa.
Pois bem. O annus horribilis
de 2016 está terminando, as festas se aproximam e eu quero me dirigir a todos
os membros dos três poderes da República, sem nenhuma distinção, da maneira
mais democrática possível. Vocês não são atores, cantores, músicos ou
bailarinos. Vocês são tudo, menos artistas. Por isso, eu desejo de coração que,
sem exceção, todos vocês break a leg, no sentido literal da frase, e que 2017
lhes traga montanhas de merde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário