Diálogos Históricos Improváveis
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- Meu caro Martim, - disse o rei, olhando
fixamente para o mapa do Brasil. – Eu tive uma ideia.
- Certo, - respondeu Martim Afonso de Sousa.
Sua Alteza pegou uma régua e uma pena de ganso e
explicou:
- Veja, - disse ele, traçando uma linha do norte
ao sul do futuro país, - esta é a linha que divide as novas terras. Certo?
- Certo.
- Agora, se eu dividir esta parte aqui em vários pedaços,
da costa até a linha de Tordesilhas, eu distribuo estas terras entre os nobres que
vivem cá a me torrar a paciência no Paço e eles é que tratem de colonizar
aquele fim do mundo. Que lhe parece, Martim?
- Certo. Quer dizer então que Sua Alteza vai
entregar a nova colônia à iniciativa privada. É isso?
- Exatamente!
- Pode dar certo...
Não deu.
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- Acho que aqui é um bom lugar. Não acha,
Anchieta? No alto de uma colina, com bom rios à nossa volta...
- Para ser franco, meu caro Nóbrega, não me
agrada. Isto aqui fica muito longe da costa. Sem falar nos índios.
- Mas não foi para isso que nós viemos, homem de
Deus? Para catequizar os índios?
- Está bem, - disse o Padre José de Anchieta meio
ressentido. - Se você insiste, Nóbrega,
seja feita a sua vontade. Mas eu tenho certeza de que esta vila de São Paulo
não vai dar em nada.
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