terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Bagunçation
Bagunçation é o nome vulgar que eu resolvi dar àquilo que é denominado de contaminação linguística em certas rodas eruditas. Essa contaminação ocorre em vários aspectos.

Na gramática, os exemplos são inúmeros:
Correto
Incorreto
Have a car in front of the school.
There is a car in front of the school.
She has 15 years old..
She is 15 years old.
I live here since 2005.
I’ve been living here since 2005.
It depends of the weather.
It depends on the weather.

No sotaque, dois exemplos bastam:
a)   Henry Sobel, rabino americano que morou 240 anos no Brasil e falava português perfeitamente, mas com um sotaque de quem acabou de chegar.
b)   Ariel Palácios, correspondente da Globo News na Argentina, que também fala português muito bem, mas jamais seria confundido com um brasileiro nato.

Na intonação: Quando eu fiquei hospedado numa casa de família em Bath, na Inglaterra, notei que ao sair de casa o meu good bye soava muito seco, quase grosseiro. É o jeito brasileiro de falar inglês. Muito macho. Para soar como os ingleses, eu passei a modular a voz, de um modo meio afrescalhado, tipo 'gud bá-ai', se é que vocês me entendem.

No vocabulário, os exemplos são tantos que nem vale a pena citá-los. Mas para não passar em branco, vá lá:
a) ninguém pede um beef num restaurante. Pede um steak;
b) lunch é almoço, e não lanche;
c) constipation não resfriado, é prisão de ventre;
d) novel é romance e não novela;
e) antes do início de uma refeição, ninguém diz ‘Good appetite’. O que se diz? Nada. O garçom talvez diga ‘Enjoy’. Talvez;
f) no jogo de xadrez, a peça que se move ‘em L’, não é o cavalo, mas sim o knight;
g) quando uma criança faz aniversário ninguém deve bater palminhas e cantar ‘Happy anniversary to you’, mas sim ‘Happy birthday to you.’

Em tempo: Existe uma música -  belíssima, por sinal – cantada por Charles Aznavour, chamada ‘Happy Anniversary’. Mas aí a história é outra: http://www.youtube.com/watch?v=-9z4o44pZKU

E para coroar a bagunçation, basta que nos lembremos do inefável Joel Santana.

Talvez o maior problema seja o léxico. Existem muito mais palavras em inglês do que em português. A próxima edição completa do dicionário Oxford, que ainda está em preparação, terá cerca de 900.000 verbetes e não poderá ser publicada em papel, por razões óbvias. A edição anterior saiu em 20 volumes, com mais de 600.000 palavras.

Só um exemplo: para dizer a palavra ‘ladrão’ o inglês dispõe de: thief, rogue, plunderer, burglar, highwayman, stick-up man, bail-up man, marauder, raider, footpad, pillager, buccaneer, brigand, bandit, freebooter, depredator, despoiler, forager, thug, pickpocket, robber, swindler, mugger…Há mais ainda, mas estes bastam. Em português temos: ladrão, batedor de carteira, punguista, larápio. trombadinha, amigo do alheio, assaltante, bandido...Não me ocorre nenhum outro. A lista inglesa é sem dúvida bem maior.

Exemplos vivos de bagunçation::




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