sexta-feira, 12 de setembro de 2014


Diálogos Históricos Improváveis (cont.)

4
- Que tal, Comandante? Gostou da carta?
- Gostei, Caminha, gostei. Só o último parágrafo não me agradou. Esse negócio de pedir que Sua Alteza liberte o seu genro da cadeia não vai pegar bem.
- O pobrezinho já está preso há quatro anos, Comandante!
- Também pudera! Ele assaltou uma igreja e bateu no padre! 


5
Em 1494, seis anos antes do descobrimento, houve o famoso Tratado de Tordesilhas, que nunca foi levado muito a sério.
- Vamos fazer o seguinte, João, - disse Isabel I, rainha da Espanha e esposa de D. Fernando de Aragão: a gente vai até Tordesilhas, que é aqui pertinho, e assinamos um tratado.
- Que tratado? – indagou desconfiado o rei de Portugal, D. João.
- O Tratado de Tordesilhas, é óbvio. – respondeu o soberano espanhol.
- Não foi isso que eu perguntei, Fernando.
- Deixa que eu explico, querido, - interveio a Rainha Católica. – A gente traça uma linha reta a, digamos, 350, 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde.
- Prefiro 370.
- Que seja: 370. Todas as terras a leste dessa linha pertencerão a Portugal. O que estiver a oeste será da Espanha. Que tal?
- Hm...parece razoável...Mas não sei, não. A gente não sabe exatamente o tamanho do mundo...Vai que do lado de lá os navegantes descobrem mais terras do que do lado de cá...Como é que fica Portugal nessa história?

- É um risco, João. Já pensou o contrário? Aí vai ser a Espanha que fica, literalmente, a ver navios, - disse Isabel dando uma risadinha, secretamente orgulhosa de sua metáfora.

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