sexta-feira, 8 de julho de 2016

Sabe o que eu acho?

Eu acho
 

Em matéria de escola, eu tenho algumas opiniões:

- eu acho que as notas deveriam ser reduzidas a três: A, B e C.  Nada de 8,0, 8,5 etc. Quem tira A é bom e passa; quem tira B é médio e também passa; quem tira C não passa.

- acho que as provas deveriam ser aplicadas periodicamente a todos alunos, até o momento que o professor passe a conhecer bem seus alunos. Depois disso, deveria ser possível dispensar os melhores alunos de submeter-se a uma avaliação em que, de antemão, o professor sabe que aquele aluno vai se sair bem. Lembro-me de um aluno que falava inglês melhor do que eu e que faltou a uma prova minha. Eu precisei preparar-lhe uma prova substitutiva, sabendo que ele tiraria no mínimo 9,0 ou 9,5. Tirou 8,5. E daí? Pura perda de tempo. Vez ou outra, eu fazia a seguinte experiência: durante a aplicação de uma prova: eu ia de carteira em carteira, escrevendo a lápis a nota que eu achava que o aluno ia tirar. Nunca errei por mais de um ponto, para mais ou para menos. Em resumo, depois de um certo tempo, só os alunos com aproveitamento insatisfatório é que fariam a prova.

- eu acho que o aluno tem que tomar cuidado com o professor, que, como eu costumava dizer, mora longe e ganha pouco. O aluno que atrapalha a aula e irrita o professor vai para a Diretoria e fica na marca do pênalti: se aprontar de novo, rua!

- acho que esse negócio de ‘aprender brincando’ só vale para quem vai à escola para brincar. Aprender é difícil, é chato e leva muito tempo. “Brincano, brincano, no se va lontano”, diria um analfabeto em italiano como eu.

- eu acho que o vestibular (existe isso ainda?) para a carreira de professor – de qualquer disciplina – deveria ser tão rigoroso quanto o de medicina, engenharia etc. O curso também deveria ser bem exigente. Ao se formar, o professor deveria ter a oportunidade de obter um bom trabalho e um salário mais do que decente.

- eu acho que a cola é uma ofensa ao professor. Eu nunca perdoei os pouquíssimos alunos que eu peguei colando. Tive um professor que, ao devolver a prova corrigida nas mãos de um aluno que tirou zero, disse-lhe: “Eu venho aqui a esta sala quatro vezes por semana e você, em quatro semanas, não conseguiu aprender nada, absolutamente nada do que eu lhe ensinei? Este zero é mais um sinal do meu fracasso do que o seu.” Um aluno que cola também está dando um zero para o professor.

- eu acho que o sistema de antigamente, em que os alunos, ao terminar a 4ª série do ginásio (não sei que nome idiota tem isso agora), optava pelo clássico (português, línguas estrangeiras, história, geografia, ciências humanas de maneira geral) ou pelo científico (português, línguas estrangeiras, matemática, física, química e biologia). Pouquíssimos alunos podem se sair bem em todas as matérias que lhe enfiam goela abaixo hoje em dia.

- eu acho que o ensino do português deveria ser o mais aprofundado possível. O estudo da nossa gramática é indispensável. Não suporto constatar que advogados, médicos, engenheiros etc. cometem toda sorte de erros. Jornais e revistas vêm recheados de bobagens do tipo “fazem três meses que...”; “haviam muitas pessoas que...”; “eu não esqueci-me”; “os homens que rebelaram-se...”. Também não custa nada aos âncoras da televisão pronunciar gratuito e fortuito com a tônica no ‘u’.

- acho que não há nada errado com a chamada aula expositiva, tão criticada por tanta gente. Se o professor conhece sua disciplina, explica bem, dialoga com a classe, não vejo por que tal método seja pior do que o estudo em grupo. Abro uma exceção para o ‘pair work’, indispensável num curso de inglês. Quem é do ramo sabe do que estou falando.

- acho que o uso da internet na sala de aula é uma faca de tantos gumes, que é melhor eu me calar. Afinal, sou do tempo do giz, da máquina de escrever e do mimeógrafo a álcool.


- acho que é isso que eu acho.

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