quarta-feira, 16 de março de 2016

Ensinando inglês no século XXI

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Já não é mais assim?
                                                       
 Na Alemanha, pouca gente fala português. O Bubsko, por exemplo, meu neto de quatro anos, não fala. Um ano atrás, falava. E nós nos entendíamos muito bem. Ele pôs naquela cabecinha linda que o problema é meu: se eu quiser me comunicar com ele, eu que aprenda a língua que ele usa no Kindergarten, no parquinho e, sobretudo, em casa.

A muito custo, consegui que ele repetisse – por pura gozação, que eu sei – a falar melancia, leite e menina. Não faço ideia porque ele escolheu essas três palavras, mas foram as únicas que eu consegui arrancar daquela boquinha de anjo.

Derrotado na minha vã tentativa de ensinar-lhe a última flor do Lácio, inculta e bela, passei a interagir com ele na base da entonação, ou seja, pelo jeitão com que ele me mostrava um bonequinho, eu perguntava idiotamente: “Esse é o Captain Cody?” “Nein,” ele respondia, e emendava, na língua de Goethe: “Bla bla bla,blaaaa!” Com esse último ‘bla’ era tônico, eu deduzia qualquer bobagem e seguia daí, dizendo mil coisas que, muito provavelmente, não tinham a menor relação com o tal bonequinho. Acho que ele desistiu de mim, concluindo que o vovô é um verrückt irrecuperável, isto é, doido de pedra.

Bom, comecei a pensar, se não é assim que se ensina português para um alemãozinho adorável, como é que se ensina inglês para um brasileiro? Já não é mais do meu jeito? Nada de lista de verbos irregulares? Diferenças entre Simple Past e Present Perfect? Bobagem. Prepositions? Vade retro, Satanás!

Fui dar uma espiada nesses cursos de inglês on-line. Fiquei com a leve impressão de que se trata mais de uma lista de conselhos de auto-ajuda. Talvez eu esteja enganado.

E os tais teaching aids? Que fim levou o bom e velho giz? Agora, tremo ao pensar em entrar numa sala de aula, encarar aquele bando de delinquentes em potencial e, em vez de pousar meus text books na mesa, começar a aula usando LCD projects, film projectors, TV, computers, VCD players, multimedia e sei lá o que mais.
As poucas palestras que dei usando o temível power point só foram possíveis graças à inestimável ajuda do meu amigo Eduardo, sem o qual eu teria sido obrigado a declinar do convite para palestrar.
Este é o futuro - parece



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