domingo, 29 de julho de 2018

Mini histórias


Mini histórias
Crianças,
Vou tentar escrever historinhas. Deixarei algumas no blog e no face, aguardando a sua opinião. Se gostarem, eu sigo em frente. Se não, eu paro.

FRUTAS
Em frente ao meu prédio, bem no estacionamento de um banco, funciona uma banquinha de frutas. Eu costumo me abastecer ali.
Quando fiquei doente, precisei de uma cadeira de rodas e uma cuidadora, que me levava para passear no Parque Mário Covas.
- Me leva até aquele cara. Quero comprar umas frutas.
- É uma mulher, disse ela.
- Não é, não. Eu compro dele há anos. É homem.
- Olha lá os peitos dela!
- Que peitos?
Realmente, a figura, de boné de couro a la Milton Nascimento, camisa xadrez de manga comprida e coletinho, não tinha cara de mulher.
Aí a cuidadora, sem atravessar a rua, perguntou:
- Como é seu nome?
- Ivonete, ela respondeu.

MERCADO
Já estou totalmente independente: posso andar sozinho na rua, tomar banho, enxugar-me etc.
E fui comemorar, ainda um tanto cambaleante, minha recém liberdade de movimentos. E lá fomos nós, Rose e eu, ao Santa Luzia.
Sendo diabético, preciso consumir produtos do primeiro andar, todos diet, sugar-free, essas coisas.
Para entrar no elevador, todo cuidado é pouco. Não posso me dar ao luxo de ficar preso na porta.
A Rose me segura, segura a porta e lá subimos nós. No elevador, um senhor mais ou menos da nossa idade nos observa, curioso. Em tempo, ela é um ano mais velha do que eu, mas parece dez mais nova.
O senhor comenta:
- É isso aí. Os mais novos têm de cuidar dos velhinhos.
E foi aí que me dei conta que eu agora era um velhinho.


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