Bolando
alternativas erradas, com base no vocabulário
Uma das maneiras mais comuns
de induzir o aluno ao erro é criar uma alternativa cuja armadilha está
justamente na tradução ‘torta’ de um determinado vocábulo. E daí?, perguntará o
impaciente vestibulando. Para se precaver contra tal armadilha, será então
necessário conhecer todas as palavras da língua inglesa? É claro que não, mas é
preciso, sim, preocupar-se com certas classes de palavras.
Aqui vai uma listinha:
1. conjunctions (although, in order to,
unless, so that, etc.)
Imagine
que o texto diga isto:
“Although
‘trauma’ can mean many things, and is generally considered destructive, its
demands can force people to learn what their abilities are and which are most
useful when all seems lost.” (The New York Times, 12 September 2017)
Aí o insidioso
preparador do teste escreve o seguinte:
1) Segundo
o texto:
e) uma
vez que a palavra ‘trauma’ pode ter inúmeros significados e tem geralmente uma
conotação destrutiva, ela pode obrigar as pessoas a descobrir suas habilidades
e quais delas serão as mais úteis quando tudo parece perdido.
O que está errado aqui? É
aquele although, que não é ‘uma vez
que’ e sim ‘embora’.
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2. false friends (actually, pretend, avocado,
etc.)
O texto, inocentemente, afirma que:
“Writing
in The New York Times,
physician Perri Klass warns that many parents are unaware of the risks posed by
the digital screen.” (http://www.albertmohler.com,
18 May 2011)
O malévolo
preparador do teste inventa isto:
2) According
to the text,
c) Perri Klass has a degree in physics
Qual é o erro aqui?
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Physician não
é ‘físico’ e sim ‘médico’.
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3. some/any (someone, nobody, anything, etc.)
O
preparador da prova escolheu um texto que afirma o seguinte:
“Trump wanted to promote a myth — talk about “fake news” — that
thousands of Muslims in New Jersey celebrated 9/11, which he falsely claimed
Kovaleski reported while working at The Washington Post. Any reasonable
person looking back at the facts would find
that absurd. (The Washington Post, 15 January 2017)
O insidioso preparador do teste faz o erro da alternativa recair
na inocente palavrinha any:
3) Deduz-se que:
a) Nenhuma
pessoa razoável, examinando os fatos, acharia isso absurdo.
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4. infinitive/gerund (try + to/ try + ing;
regret + to/ regret + ing)
No
texto aparece o seguinte trecho:
“Britain
will stop training Burmese military until Rohingya crisis is resolved.” (The
Telegraph, 19 September 2017)
O
ardiloso preparador do teste, como quem não quer nada, sorrateiramente enfia
entre as alternativas, digamos na letra a), o seguinte:
4) De
acordo com o texto,
a) a
Grã-Bretanha vai parar para treinar as forças militares de Burma até que se
resolva a crise referente à minoria Rohingya.
Acontece que stop + verb+ing não quer dizer ‘parar para’ e sim ‘parar
de’. ‘Parar para’ é stop to’.
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5. –in-laws (mother-in-law, father-in-law,
son-in-law, sister-in-law, etc.)
Família
costuma dar muita dor de cabeça. Digamos que o texto traga a seguinte
informação:
“New
mum’s fury at mother-in-law who sneaks into the ward and holds baby before she
can.” (Daily Mirror, 11 October 2017)
O que
faz o danado do preparador do teste?
Bola
uma alternativa assim:
5) We can
say that
e) the
woman who had just given birth to her baby was furious at her mother, who had
held the child before she could do so.
Onde
está a pegadinha?
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A
mulher que ‘invadiu’ o berçário e pegou o bebê antes da mãe não era a mãe dela,
mas sim a mãe do marido ou companheiro, isto é, a sogra.
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6. Similar words (wealth/health; childlike/childish,
etc.
Cai nas mãos do preparador
do teste o seguinte trecho do Financial Times, de 17 de fevereiro de 2012:
“Just make sure you are
appropriately childlike rather than childish.”
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O sinistro preparador do texto apresenta esta
alternativa:
6) O
autor do texto recomenda que sejamos
b) infantis,
no sentido de imaturo, tolo, e não infantis, no sentido de inocente, puro
O perigo aqui é que, embora chldish e childlike possam ser traduzidos da mesma forma, o primeiro
adjetivo tem uma conotação negativa e o segundo, uma conotação positiva.
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7. would rather/had better
Um
leitor do Daily Telegraph escreveu em 19 de abril de 2009:
“It
seems that instead of having new and exciting political satire (and decent
journalists), the Daily Telegraph would rather spend their money on online
sections like “Celebrity sightings” – completely nonsensical pictures of
celebrities getting in and out of cars.”
O
maquiavélico preparador do teste escreveu na letra e:
7) O
leitor reclama que
e) o jornal deixou de privilegiar as seções on
line que focalizam as celebridades entrando e saindo de carrões.
Acontece que would rather, expressão em que se
baseia o erro da alternativa, significa ‘preferir’. É disso que se queixa o
leitor. O Daily Telegraph caiu de nível.
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8. Former/latter
Cuidado
aqui! O ardiloso preparador se depara com o seguinte trecho:
“if you were a Republican of the middle classes, you read
the “Boston Herald Traveler,” which came out, in those pre-internet days, in
both morning and evening editions. As did the “Boston Post” and the “Boston
Globe,” the latter read by liberals, Democrats, and many persons connected to
academia and medicine.” (https://folknewengland.org,
8 October, 2016)
O sutil preparador de testes indaga:
8) Naquele tempo (antes do advento da internet), o que liam os
liberais e democratas?
c) o Boston Herald Traveler.
O erro da
alternativa consiste no seguinte: quando se faz menção a dois itens, o ‘mais
distante’, isto é, o que é citado primeiro, é o ‘former’ e o segundo o ‘latter’.
No caso, o jornal que os liberais e democratas liam era o Boston Globe, o
mais próximo da palavra ‘latter’.
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9. Prepositions (at, in, on, etc.)
Calma,
não me refiro aqui ao uso das preposições. Isso é um outro capítulo, que não
cabe aqui analisar. Quando me refiro às preposições, tenho em mente as
armadilhas que o safado do preparador de testes pode aprontar. Se, por exemplo,
ele topar com este texto:
“According to the Las Vegas Sun, “Above-ground nuclear
testing was a major public attraction during the late 1950s, and hotels
capitalized on the craze by hosting nuclear bomb watch parties, which usually
included the dubbing of a chorus girl as Miss Atomic Bomb.” (Las
Vegas Sun, 5 October 2012)
é bem possível que lhe ocorra
criar uma alternativa assim:
9) O que
atraía um grande número de turistas em Las Vegas no fim dos anos 50 eram:
d) os
testes nucleares subterrâneos.
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10.
Last
but not least, phrasal verbs (look after, make up for, drop by, etc.)
Sim,
os phrasal verbs são infernais. Tão impenetráveis
para nós e tão naturais para um native
speaker. O que se pode fazer? Não adianta tentar decorar todos. O jeito é
aprender pelo menos os mais conhecidos e esperar que o preparador seja camarada
e tenha bom senso. Por exemplo, ele se depara com um texto assim:
“I am
currently reading 'Churchill's Secret War with Lenin', and have come across {on
page 33} mention of 2 sisters, Ackolina and Sasha Nicolina, who attacked 3
armed Finns in a boat, drowning 2 of them and causing the other to be captured.
They were Karelian Regiment Auxiliaries and were awarded the Military Medal by
General Maynard, but I can't find any mention in the London Gazette. Can anyone
identify an entry?” (by Alf McM,
in London Gazette, 27 June 2017)
11.
One can infer that:
a)
Alf McM had been looking for a piece of news
about 2 sisters, Ackolina and Sasha Nicolina, and was lucky enough to find it.
Esta
alternativa se baseia exclusivamente no phrasal
verb ‘come across’, que quer dizer encontrar alguém ou alguma coisa por acaso.
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