domingo, 25 de dezembro de 2016

Word of the Year








Desde 2004, um grupo de lexicógrafos da Oxford University Press, com base em um banco de dados, que contém cerca de 150 milhões de palavras, coletadas em jornais, revistas, livros, blogs e transcrições do inglês falado por pessoas de diferentes níveis de escolaridade, elege a Palavra do Ano, aquela que “reflete a síntese das preocupações daquele ano.
Aqui vai uma tabela dos dez últimos anos, tabela esta que abrange o Reino Unido e os Estados Unidos. No Brasil, para variar, nós não temos isso. Então, eu resolvi incluir nosso valente país nessa pesquisa:
Ano
Reino Unido
Estados Unidos
Brasil
2007
carbon footprint
locavore
corrupção
2008
credit crunch
hypermiling
bandidagem
2009
Simples
unfriend
Michael Jackson
2010
big society
refudiate
caixa 2
2011
squeezed middle
squeezed middle
presidenta
2012
Omnishambles
GIF
desemprego
2013
selfie
selfie
protestos
2014
vape
vape
Copa do Mundo
2015
 emoji of a face with tears of joy
the emoji of a face with tears of joy
lava jato
2016
post-truth
post-truth
impeachment

Abaixo segue a explicação dessas palavras ou expressões:
1.   carbon footprint: the total amount of greenhouse gases produced to directly and indirectly support human activities, usually expressed in equivalent tons of carbon dioxide (CO2).
2.   locavore: a person who makes an effort to eat food that is grown, raised, or produced locally, usually within 100 miles of home.
3.   credit crunch: an economic condition in which investment capital is difficult to obtain.
4.   hypermiling: the use of fuel-saving techniques (as lower speeds and frequent coasting) to maximize a vehicle's fuel mileage.
5.   Simples: an expression used to suggest that something can be done or understood with no difficulty.
6.   unfriend (verb): remove (someone) from a list of friends or contacts on a social networking website.
7.   big society: a concept whereby a significant amount of responsibility for the running of a society is devolved to local communities and volunteers.
8.   refudiate (verb): blend of refute + repudiate,  used loosely to mean “reject”.
9.   squeezed middle: the section of society regarded as particularly affected by inflation, wage freezes and cuts in public spending during a time of economic difficulty, consisting principally of those on low or middle incomes".
10.               omnishambles: a situation that is bad in many different ways, because things have been organized badly and serious mistakes have been made.
11.               GIF (Graphics Interchange Format): a lossless format for image files that supports both animated and static images.
12.               vape: inhale and exhale the vapour produced by an electronic cigarette or similar device.
13.               tears-of-joy-emojithe emoji of a face with tears of joy

14.               post-truth: a word defined as relating to or denoting circumstances in which objective facts are less influential in shaping public opinion than appeals to emotion and personal belief.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Break a leg


O mundo do teatro está cercado de superstições. ‘Macbeth’, de Shakespeare, por exemplo, tem a fama de maldita. A cada montagem, acontecem acidentes, um holofote cai na cabeça de um maquinista, uma atriz tem um ataque cardíaco, o teatro pega fogo etc. Dá azar pronunciar o nome Macbeth fora da peça. Os atores, produtores, diretores e toda a equipe só se referem à tragédia como ‘a peça escocesa’.

Dizem que o Theatre Royal em Bath (não me perguntem por que o teatro se chama Theatre Royal  e não Royal Theatre – eu perguntei para uma inglesa e ela não soube me responder) é mal assombrado. Alguns expectadores juram de pé junto que já viram o fantasma de uma antiga atriz, conhecida popularmente como Lady Grey.

Uma norma que é seguida à risca na Inglaterra é nunca desejar boa sorte aos atores dizendo ‘good luck’. Em vez de ‘good luck’, deve-se dizer ‘break a leg’, de origem obscura. Existem várias hipóteses para explicar a razão de tal superstição, mas isso não vem ao caso. Se quiserem, deem uma espiada em https://en.wikipedia.org/wiki/Break_a_leg.


Na França, os atores também são supersticiosos. Lá, pelas mesmas inexplicáveis razões, ninguém lhes deseja ‘bonne chance’. O correto, se é que se pode dizer isso, é ‘merde’, que dispensa tradução.

No Brasil seguimos a tradição francesa.


Pois bem. O annus horribilis de 2016 está terminando, as festas se aproximam e eu quero me dirigir a todos os membros dos três poderes da República, sem nenhuma distinção, da maneira mais democrática possível. Vocês não são atores, cantores, músicos ou bailarinos. Vocês são tudo, menos artistas. Por isso, eu desejo de coração que, sem exceção, todos vocês break a leg, no sentido literal da frase, e que 2017 lhes traga montanhas de merde. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Magister dixit sed nemo audivit (The teacher said it, but nobody paid attention to him)





A Folha de São Paulo de hoje (13/12/16) publica um artigo de Mirian Goldenberg, ‘Quem quer ser professor?’ E a Veja desta semana (14/12/16) traz nas páginas 102-105 uma matéria de Maria Clara Vieira, ‘Temos muito a aprender’.

Ambas tratam do mesmo assunto, o único sobre o qual eu posso, com base na minha experiência, dizer alguma coisa. E di-lo-ei, antes que a Câmara dos Deputados conclua a votação da medida provisória que reformula o ensino médio.

Todo mundo sabe que o ensino no Brasil – por qualquer ângulo que se analise – é uma droga, salvo as raríssimas exceções de sempre. O que fazer?

Minha sugestão: nomeia-se uma comissão (calma, não se precipitem, deixem-me concluir) de professores. Não de luminares, não de medalhões, não de PhD em pedagogia. Não. Refiro-me a professores normais, desses que moram longe e ganham pouco: dois do Ensino Fundamental I (1° ao 5° ano), dois do Ensino Fundamental II (6° ao 9° ano), dois do Ensino Médio (1ª, 2ª e 3ª séries) e dois da universidade.

Uma comissão enxuta, de oito membros. Eles seriam enviados, viajando em classe econômica e recebendo uma ajuda de custo modesta, para os países top no ranking do Pisa: Singapura, Japão e Hong Kong, por exemplo. Nesses locais, durante um mês, os professores visitariam escolas, assistiriam a aulas, conversariam com alunos, professores e diretores e na volta teriam duas semanas para discutir entre si e elaborar um relatório final.

Este relatório seria a radiografia completa, a ressonância magnética, a tomografia computadorizada do ensino daqueles países.

Uma vez concluído, o documento seria enfiado goela abaixo das autoridades ligadas à educação no Brasil, incluindo o presidente, o ministro da educação, os reitores, os diretores e vai descendo até chegar na mulher do cafezinho.
Tudo isso com muito tato e muito respeito, porém com uma condição: ou começa aplicar já ou a gente corta o pescoço deles. No bom sentido.



quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Shame on us

Shame on us
O Brasil não se cansa de nos encher de vergonha perante o mundo. Um país que tem tudo para estar entre os mais desenvolvidos do planeta não passa de ser...isso aí que a gente vê todo dia. Agora vem mais essa: o desempenho de nossos alunos no Pisa (Programa internacional de Avaliação de Alunos) permanece na rabeira do ranking. Esse permanece sugere que isso não é de agora.
O exame contém provas de matemática, ciências e leitura. Em princípio, eu, como (ex)-professor de inglês, não tenho nada a ver com isso. Só que eu tenho. Uma vez professor, sempre professor. E é por isso que uma notícia dessas me deixa aporrinhado.
Não vou aqui discutir as razões que empurram o ensino no Brasil para a ‘Série B do Campeonato Mundial da Educação’. Limitar-me-ei a dizer que numa aula de inglês para o ensino médio, o professor pode, e acho que deve, contribuir – um pouco, pelo menos - para desasnar essa massa de jovens semianalfabetos.
De que forma? De uma forma que exige um certo esforço do professor na preparação de sua aula. Minha sugestão é a seguinte: o mestre procura na internet uma pequena notícia em inglês, quem sabe uma simples manchete, e explora, de início o vocabulário e a gramática do excerto (gostaram do excerto?).
Superada esta parte chata da aula, começa uma espécie de mesa redonda, envolvendo o professor e a classe toda, discutindo o assunto, dirimindo dúvidas, levantando hipóteses e – por que não? – chutando soluções.
Vou dar dois exemplos:

IN COMPROMISE, BRAZIL’S SUPREME COURT ALLOWS SENATE LEADER TO STAY
https://static01.nyt.com/images/2016/12/08/world/08BRAZILSENATE/08BRAZILSENATE-master768.jpg

The court ended a tense standoff between the judiciary and Congress when it rejected an order by one of its justices to remove Renan Calheiros from his post. (VINOD SREEHARSHA, NEW YORK TIMES, 8/12/2016)

Parte chata da aula
1.   compromise: é um false cognate. Só isso já dá uma aula inteira, se o professor quiser.
2.   sinônimo e antônimo de allow
3.   sinônimo e antônimo do verbo to end
4.   significado de standoff
5.   diferença entre between e among
6.   justice: mais um false cognate

Parte legal da aula
1.   Quantos juízes compõem o STF (Supremo Tribunal Federal)?
2.   Vocês lembram o nome de algum deles?
3.   Que tipo de ação o STF julga?
4.   Vocês sabem o que significa ‘transitado em julgado’?
5.   Qual é o ‘posto’ do qual o Supremo não teve coragem de remover o Renan?
6.   Vocês acharam boa a decisão deles? Sim? Não? Por quê?
7.   O que vocês acham que vai acontecer daqui para a frente?


YOU CAN QUESTION MAY’S BREXIT STRATEGY. JUST DON’T ASK IF SHE’S UP TO THE JOB

Theresa May’s Brexit strategy, it would be fair to say, is not going well. It is hard to imagine how it could: there is no good Brexit strategy. The best we can hope for is a not-catastrophic one. (ANNE PERKINS, THE GUARDIAN, 8/12/2016)

Parte chata da aula
1.   Brexit: de onde vem esse acrônimo?
2.   Em tempo, o que quer dizer acrônimo? Podem citar algum exemplo?
3.   fair: os diversos (e põe diversos nisso) significados desse substantivo e adjetivo. Mencionar ‘My fair lady’.
4.    sinônimo e antônimo de hard (mencionar os Beatles: ‘It is a hard day’s night’. Explicar quem foram os Beatles.
5.   Diferença entre hope, expect e wait.

Parte legal
1.   Por que vocês acham que os ingleses optaram pelo Brexit?
2.   Quem é Theresa May? Esse May é apelido ou é nome dela mesmo?
3.   De que partido ela é?
4.   O que vocês sabem sobre o jornal The Guardian?

Quem sabe, dando aulas assim, com o tempo a gente não tenha que engolir notícias vergonhosas como a que se segue.

BRAZIL REMAINS AMONG THE WORST IN THE WORLD IN EDUCATIONAL EVALUATION